O senador e ex-presidente Fernando Collor (AL) trocou o PTC pelo Pros. O seu antigo partido foi um dos 14 atingidos pela chamada cláusula de barreira, que restringe o financiamento partidário daqueles que não atingiram votação mínima exigida por lei. Esta será a oitava legenda de Collor em 40 anos de vida pública.
O Pros apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência, ao passo que o PTC fez parte da coligação de Alvaro Dias (Podemos). Collor, no entanto, tem se aproximado do presidente Jair Bolsonaro. Em troca, tem recebido afagos públicos. Ele foi uma das autoridades convidadas pelo Planalto e pelo Itamaraty a participar do almoço oferecido ontem ao presidente da Argentina, Maurício Macri. Bolsonaro também fez deferência à presença de Collor na transmissão de cargo do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no início do mês.
Na última sexta Bolsonaro enviou um bilhete ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em que perguntava a ele se Collor era candidato à presidência do Senado, conforme flagraram fotógrafos que acompanhavam o evento. No ano passado, o ex-presidente lançou-se à disputa do governo de Alagoas. Mas, diante da ampla vantagem aberta pelo governador Renan Filho (MDB), renunciou à candidatura em setembro.
No Senado, Collor fará companhia ao único colega eleito pelo Pros, o cearense Eduardo Girão, empresário que exercerá pela primeira vez um mandato político. Embora a sigla tenha apoiado Haddad, Girão declarou voto em Bolsonaro. O senador alagoano apoiou os últimos governos (Lula, Dilma e Michel Temer). Mesmo tendo sofrido impeachment em 1992, votou a favor da saída de Dilma em 2016. Bolsonaro votou a favor do impeachment dos dois na Câmara.
Em mensagem publicada no Facebook, o ex-presidente disse que vai trabalhar pela aprovação das reformas, “imprescindíveis para tirar o Brasil da crise avançar na construção de um desenvolvimento sustentável”. Collor é réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de corrupção.
Ele contou que foi convidado a se filiar pelo presidente do Pros, Eurípedes Junior. A filiação foi assinada nessa terça-feira (15). O líder do Pros ficou cinco dias foragido em outubro, após ter sua prisão temporária decretada na Operação Partialis, que apura desvios de R$ 2 milhões na compra de gases medicinais no Pará e no Distrito Federal.
Eurípedes também foi citado em delação de executivos da Odebrecht como beneficiário de R$ 7 milhões em troca da venda de tempo de TV do partido para a campanha à reeleição da ex-presidente Dilma em 2014. Ele nega as acusações.
Troca-troca partidário
Filho do ex-senador Arnon de Mello, Collor começou na Arena, partido de sustentação da ditadura militar, em 1979. No ano seguinte, migrou para o herdeiro direto da Arena, o PDS, no qual permaneceu até 1985. Depois, passou quatro anos no PMDB (hoje MDB). Em 1989, na primeira eleição presidencial após a redemocratização, elegeu-se presidente da República pelo PRN, novo nome do antigo Partido da Juventude, criado em 1985. Pelo PRN, também se tornou o primeiro brasileiro a deixar o Planalto em processo de impeachment, em 1992.
Em 2000 Collor passou para o PRTB, que hoje abriga o vice-presidente Hamilton Mourão, e nele permaneceu até 2007. Por essa sigla, voltou ao cenário político nacional ao se eleger senador, em 2006. Depois ficou quase nove anos no PTB. Desde 2006 ele era o único representante do PTC no Congresso. Em 2018, o PTC não elegeu nenhum congressista.