Por PEDRO AUGUSTO
Do Jornal VANGUARDA
O problema já vem se arrastando por alguns anos, mas se intensificou em 2014 com a queda avolumada da produção. Assim como em todo o país, já faz um bom tempo que o comércio de Caruaru vem penando bastante devido à escassez de moedas em movimentação. De acordo com o cálculo da Casa da Moeda do Brasil, no ano passado cerca de 400,5 milhões de unidades entraram em circulação em todo o território nacional. Número este considerado irrisório, haja vista a produção observada em 2013: na casa dos 2,3 bilhões. Se servir como alento para os comerciantes locais, a estimativa é que o até o término de 2015 pouco mais de 776 milhões de novas frações passem a operar no mercado brasileiro.
Apesar do reforço no comparativo com 2014, o aumento na produção de moedas parece não estar animando muito aqueles que trabalham diretamente com esse tipo de dinheiro. Um exemplo disso é o cobrador de ônibus Sebastião Oliveira. Embora não faça parte do setor do comércio, ele já perdeu as contas dos transtornos que precisou enfrentar por conta da escassez delas. “Às vezes, peço aos clientes para esperarem o troco durante a viagem, porque não tenho moedas para repassá-las”, comentou.
Que o diga a balconista Carmem Lúcia. Com atuação no comércio local já há vários anos, ela disse lidar diariamente com a escassez de moedas em movimentação. “Como trabalho numa banca de revistas, a rotatividade de troco de pequenos valores costuma ser muito grande. Às vezes, para não perder a venda, tenho oferecido balas e bombons para complementar o pagamento.”
Na padaria em que Mário Germano trabalha como gerente, a falta de moedas também costuma atrapalhar bastante. Mas já faz alguns meses que o estabelecimento encontrou uma alternativa eficaz para combater o problema. “Estamos oferecendo brindes para os consumidores que trouxerem uma grande quantidade de moedas e a medida vem surtindo efeito. Hoje, os transtornos encontram-se menores”, avaliou.
Além da queda brusca na produção de unidades, de acordo com especialistas econômicos, outro fator que vem propiciando a queda na circulação de moedas no comércio corresponde ao velho hábito de juntar dinheiro através dos cofrinhos. Apesar de ser uma prática antiga, em tempos de escassez, ela tem exercido uma influência ainda maior.
Vendedora na Feira do Artesanato do Parque 18 de Maio, no centro de Caruaru, Jucileide Barbosa afirmou comercializar bastante os chamados minhaeiros. “O interessante é que nessa crise financeira vários consumidores têm quebrado os cofrinhos antes dos prazos pré-estabelecidos e isso acaba sendo muito bom para os negócios da loja, porque novas vendas acabam sendo realizadas.”