O Nordeste é uma região do Brasil conhecida por suas festas populares tradicionais, dentre as quais a junina tem o maior destaque. Caruaru, conhecida como capital do forró, é uma das cidades mais representativas desse período. Além da música, o período junino é marcado pela tradição culinária, através das comidas de milho e tantas outras. A equação junho, forró e frio resulta em muita diversão para os residentes das cidades e para os turistas, porém, alguns cuidados devem ser tomados com os alimentos que vão ser consumidos.
O cardápio das festas é bastante diversificado: pamonha, canjica, mugunzá, caldos para aumentar a temperatura corporal, hambúrgueres, carnes em espeto e afins para repor as energias ao final da festa. Mas o professor do curso de Biomedicina da Faculdade UNINASSAU Caruaru e Mestre em Saúde Pública, Willians Melo, alerta que o que parece ser uma refeição inofensiva, pode, sem os devidos cuidados, se tornar em um grande transtorno.
“A literatura científica aponta que são diversos os parasitas (organismo que vive em outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano) que podem estar presentes nesses alimentos e causar adoecimento. Carnes malpassadas podem causar toxoplasmose (infecção causada por um protozoário encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais) e cisticercose – doença parasitária adquirida através da ingestão de alimentos contaminados com ovos de Taenia solium (normalmente encontrado na musculatura de suínos)”, explica o professor.
Melo elenca ainda que as folhagens podem provocar criptosporidiose, por exemplo, que é transmitida pelo contato com fezes humanas infectadas com tênia. Já caldos de cana, verde ou de feijão podem desenvolver doença de chagas, amebíase, dentre tantas outras doenças de origem parasitária, além de infecções por fungos e bacterianas.
Como evitar essas doenças? O professor da UNINASSAU Caruaru destaca que existem meios de se proteger. “Todos os estabelecimentos e barracas devem ser fiscalizados e autorizados pela vigilância sanitária municipal, a qual atesta sua passagem pelo mesmo através de uma etiqueta que deve ser fixada visivelmente nos locais. Porém, apesar das orientações da vigilância sanitária, os manipuladores devem possuir conhecimento sobre as boas práticas de fabricação de alimentos para minimizar riscos”, alerta Melo.
Outras dicas também são importantes para o forrozeiro. Segundo o professor, ele deve estar atento às condições do local: se é iluminado, limpo, se as porções de alimento estão identificadas e sua data de fabricação e validade estão expostas em etiquetas, se os profissionais usam toucas, luvas, jaleco apropriados e se há depósitos para descarte do lixo no local. “Essas medidas podem minimizar a contaminação dos alimentos e o consumidor poderá aproveitar ainda melhor as festividades juninas”, conclui.