Quem tem filho sabe a importância das brincadeiras, do estímulo às relações interpessoais, das atividades offline, e o quanto a realização dessas ações pode impactar positivamente no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. Porém, com o advento da tecnologia e com a facilitação do acesso aos meios digitais, tornou-se recorrente a discussão mundo afora sobre a utilização de smartphones, tablets, computadores e outras dispositivos com tela por crianças e adolescentes.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são quase 465 milhões de aparelhos (smartphones, notebooks, computadores, tablets), desses, quase 250 milhões são celulares inteligentes, estes, utilizados por gente das mais diversas idades e crianças e adolescentes não ficam de fora desse uso, ao contrário. Em pesquisa realizada no ano passado, pelo TIC Kids Online Brasil, mais de 22 milhões de crianças com idades entre 9 a 17 anos, 93% deste grupo etário, faziam uso de internet. Os números impressionam e trazem consigo diversas reflexões, uma delas, acerca dos benefícios e prejuízos que este acesso traz consigo.
Muitos estudos relatam o quão prejudicial o uso excessivo desses dispositivos pode ser, e como pode impactar negativamente no desenvolvimento do público infantil e infantojuvenil. Mas é importante também destacar que se utilizada da maneira adequada, ao invés de vilã, a tecnologia que está ali, na palma da mão, pode se tornar forte aliada. O que é fundamental é apresentar os caminhos seguros a serem seguidos. Montar uma espécie de “manual” de uso, cabendo ressaltar que não funciona como numa receita de bolo e o que dá certo na casa de um, talvez não seja eficiente em outra.
A psicóloga e neuropsicóloga Érika Lima, orienta sobre alguns caminhos que podem ser percorridos nesse ensinamento do bom uso das telas. “Orientação é palavra de ordem. Quando os pais chamam os filhos para conversar e os fazem entender os riscos do mau uso, tornar-se mais fácil a execução dessa tarefa. Ao estipular o que pode ser acessado, qual o tempo de uso, o propósito desse uso e a consciência de quem está usando, a tecnologia se torna, sim, aliada. Ah, importante também dizer que os adultos são exemplo. Então, ao mostrarmos o caminho e seguirmos ele, nossos filhos também o farão com mais facilidade”.
No Manual de Orientação sobre o uso saudável de telas, a Sociedade Brasileira de Pediatria reforça que “Os nativos da Era Digital têm direito à utilização e desfrute dos recursos tecnológicos para sua aprendizagem e auxílio ao seu desenvolvimento, mas as famílias e as instituições precisam se adequar no sentido de diminuir os riscos do mau uso dessas ferramentas.
Desta forma, a ideia é integrar atividades como brincar, ler e fazer exercícios físicos ao prazeroso e instigante universo digital. “Com disciplina e equilíbrio, é possível usar as telas ao nosso favor, a fim de melhorar a vida dos pequenos e ajudá-los no seu desenvolvimento”, conclui Érika.