Foto: John MacDougall/AFP |
A transmissão do novo coronavírus na Alemanha se acelerou depois que algumas medidas da quarentena foram relaxadas, com a abertura de novas lojas a partir de 20 de abril. O Instituto Robert Koch para o Controle de Doenças divulgou neste domingo (10) que o número de pessoas para quem cada doente transmite o novo coronavírus (R) é agora de 1,1, ou seja, na média, cada 10 infectados transmitem a doença para 11 pessoas.
O R é um dos principais indicadores observados pelos governos para calibrar restrições à mobilidade e ao contato. O objetivo é deixá-lo abaixo de 1, o que indica que o contágio tende a desaparecer no médio prazo. Ao anunciar na última quarta (6) mais medidas de relaxamento, entre elas a retomada gradual das aulas, a premiê da Alemanha, Angela Merkel, avisou que o governo poderia acionar um freio de emergência: distritos em que o contágio sair de controle terão que voltar à quarentena.
Desde então, três deles excederam o limite de mais de 50 novas infecções por 10 mil pessoas nos últimos sete dias, segundo o RKI. O freio criado por Merkel revela uma preocupação comum aos 23 governos que já começaram a descongelar suas atividades: quanto mais encontros entre pessoas e mais proximidade entre elas, maior o risco de contágio.
Na Dinamarca, que reabriu algumas escolas no dia 15, também houve um aumento da taxa de contágio, de 0,6 para 0,9, com a epidemia ainda sob controle. Na Alemanha, o centro de controle de doenças afirmou que o R está sujeito à incerteza estatística, por isso ainda é cedo para dizer se o número de infecções voltará a crescer ou manterá a tendência de queda na qual vinha durante a quarentena. Mas o aumento “exige monitoramento rigoroso”, diz o relatório.
Neste domingo, a Alemanha registrava os números de 169.218 casos confirmados (7º maior no mundo) e 7.395 mortes por Covid-19 (7º maior). Em relação à população, são 9 mortes por 100 mil habitantes, 23º maior número no mundo. Nesta segunda (11), cinco outros países devem começar a relaxar sua quarentena, entre eles a França, onde há 40,3 mortes por 100 mil habitantes (7ª maior taxa).
Na segunda, as escolas devem começar a receber de volta os alunos, com turmas que terão metade do número anterior de estudantes em sala. Também será possível sair de casa sem precisar de uma justificativa por escrito, mas cafés, restaurantes, parques e lojas continuarão fechados. A saída da quarentena no país dependerá do controle da doença em cada região.
Paris e todo o nordeste francês estão na zona vermelha, onde o relaxamento será mais lento. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também anuncia neste domingo as regras para o relaxamento do lockdown no Reino Unido. Embora o governo fale em um processo cauteloso e gradual, a mudança do slogan da campanha de combate ao novo coronavírus, de “fique em casa” para “fique alerta”, levantou uma onda de críticas e piadas no país.