Apesar de algumas pessoas não perceberem e nem sentirem no bolso, os números mostram que está acontecendo uma reação, embora lenta, da economia no país. No estado de Pernambuco, por exemplo, no ano de 2017 o total de empresas abertas foi de 69.405, contra 60.122 em 2016, o que representa um crescimento de 15,4%, segundo dados da Jucepe (Junta Comercial de Pernambuco).
Excluindo os Microempreendedores Individuais (MEIs), o número de empresas foi de 17.658, 11% maior do que as 15.910 registradas em 2016. Já a quantidade de MEIs durante o ano passou de 44.212 em 2016, para 51.747 em 2017, uma alta de 17%.
Os municípios que mais abriram empresas foram Recife (18.993), Jaboatão dos Guararapes (5.726), Petrolina (3.988), Olinda (3.944) e Caruaru (3.885). O levantamento também fez as amostragens das atividades empresariais mais registradas que, na ordem, ficou o comércio de vestuário em primeiro lugar, seguido dos segmentos de mercearias, comércio de cosméticos, lanchonetes, restaurantes, construção de edifícios e comércio de bebidas. No geral, Pernambuco terminou 2017 com um total 527.508 empresas em atividade. No final de 2016, esse número era de 459.521. A variação foi de + 14,7%.
“Estes números mostram que a economia do Estado está em recuperação. Isso também pode ser verificado no número de fechamento de empresas, que teve uma queda significativa, passando de 24.083 em 2016, para 18.471 em 2017, o que representa uma redução de -23,3% no número de baixas”, afirmou a presidente da Jucepe, Taciana Bravo.
Tecnicamente, a recessão ficou para trás. Mas, por que a recuperação da atividade é tão lenta e a sensação de crise ainda é predominante para muitos brasileiros? A explicação é que com a profundidade da recessão e suas particularidades em relação a outros ciclos de retração, como o endividamento de empresas e famílias, ajudam a explicar o ritmo. Em quase três anos, a economia encolheu mais de 8% e retrocedeu ao nível de 2010.
Para atender a demanda do público que vê no desemprego uma oportunidade para abrir seu próprio negócio, a Jucepe precisou se adaptar e reduzir o tempo necessário do processo para se concretizar a abertura da nova empresa com Alvará de funcionamento, levando em consideração a natureza de risco de cada negócio. Pode-se citar a implantação da Redesim/PE, aplicativo disponível no portal do órgão que proporcionou aos municípios passarem a ter importantes benefícios, como aumento de receita, gerenciamento das atividades e atualização constante do cadastro das empresas.
“Os 90 dias de antes foram reduzidos para apenas 15 dias e trabalhamos obedecendo prazos legais em parcerias com a Receita Federal, Sefaz Estadual e Municipal e Bombeiros”, explicou Augusto Heitor Tabosa Pereira, chefe do Núcleo Regional da Jucepe, em Caruaru.
Um bom exemplo da afirmação de que é na crise que se inova e cresce é Claudiane Vasconcelos, que estreou como empresária há dez meses e até agora não tem do que se queixar. “Quando fui mandada embora do trabalho, senti um buraco profundo se abrir bem embaixo dos meus pés. Depois, já com a cabeça fria, vi uma luz no fim do túnel ao lembrar que tinha feito, há algum tempo, um curso de cabeleireira. Acertei e hoje já emprego três pessoas no meu salão”, comemorou a ex-gerente de rede de supermercado. “É preciso confiar em nós mesmos, firmar parcerias e ter a certeza de que a nova vida está apenas começando e saber que, no meu caso, ainda tenho a oportunidade de devolver a autoestima às minhas clientes”, aconselha a agora cabeleireira.
Ainda segundo Augusto Heitor, as novas empresas não só formalizam muitos empregos, como também aumentam a arrecadação através dos tributos recolhidos que retornaram para a população em obras, saúde, educação e segurança. “Sem contar que, quanto mais empresas abertas, mais há uma maior geração de emprego e, consequentemente, redução do desemprego”, comentou o chefe.
A Jucepe funciona no prédio da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), bem como o Expresso Empreendedor, com atendimento ao público de segunda a sexta-feira, no horário das 8h às 13h.
Fonte: Jornal Vanguarda (Jaciara Fernandes)