O ministro da Saúde, Marcelo Castro, visitou na última sexta-feira (15) o Instituto Butantan, em São Paulo, onde discutiu parcerias internacionais para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Zika, de modo a conter no país o nascimento de bebês com microcefalia causada pelo vírus que é transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti. A unidade é referência nacional na produção de vacinas e soros.
Outros dois laboratórios públicos, Instituto Evandro Chagas, que fica no Pará, e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), do Rio de Janeiro, ambos vinculados ao Ministério da Saúde, também estão em busca de parcerias com instituições científicas para a futura produção de uma vacina no país contra a doença. Neste sábado (16), o ministro Marcelo Castro visita Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz responsável pelo desenvolvimento e produção de vacinas com foco em atender a saúde pública, para tratar do assunto.
“A vacina é a grande solução”, afirmou o ministro Marcelo Castro. “Estamos em contato com laboratórios internacionais, com nossos laboratórios no Brasil, para conseguirmos desenvolver, em tempo recorde, uma vacina contra a zika, que será muito mais simples de desenvolver que a da dengue, que tem quatro sorotipos. No caso da Zika, é somente um”, observou.
VACINA CONTRA A DENGUE – O Instituto Butantan, principal produtor de imunobiológicos do país, é vinculado ao Governo do Estado de São Paulo e já desenvolve estudos e pesquisas nas áreas de Biologia e Biomedicina em parceria com instituições estrangeiras. Uma delas é o National Institutes of Health (NIH) – agência de saúde do governo norteamericano -, com o qual o Butantan está em estágio avançado de desenvolvimento da vacina contra a dengue. No total, 17 mil voluntários de 13 cidades nas cinco regiões do Brasil participarão dos estudos clínicos que estão prestes a começar e devem durar um ano. Os resultados da pesquisa dependem de como será a circulação do vírus, mas o Butantan estima ter a vacina contra a dengue disponível em 2018.
O ministro Marcelo Castro vê a vacina como muito promissora e espera poder utilizá-la em breve. “Ao que tudo indica, esta vacina tem um índice elevado de imunização, além de ser uma única dose, o que facilita na logística de vacinação da população”, comentou. A vacina do Butantan tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue com uma única dose, e é produzida com os vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos. Nesta fase da pesquisa, os estudos visam a comprovar a eficácia da vacina.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL – A cooperação internacional com instituições estrangeiras na área de imunologia é possível graças a acordos firmados entre Brasil e países como Estados Unidos e França. Em junho de 2014, o NIH, dos EUA, o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) firmaram acordo visando o apoio integrado a projetos de pesquisa envolvendo cientistas brasileiros e estadunidenses.
No âmbito desta parceria foi lançado, em setembro de 2014, o primeiro edital de chamada pública entre os dois países, elaborado conjuntamente com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DST-Aids/SVS) do Ministério da Saúde. O edital selecionou 19 propostas em imunologia básica, HIV/AIDS, doenças infecciosas e em câncer associado a HIV e infecções crônicas. As propostas aprovadas vêm sendo financiadas equitativamente pelos dois países.
Em julho de 2015, com a presença da ministra Marisol Touraine, os ministérios da Saúde do Brasil e da França firmaram parceria semelhante durante o I Comitê Franco-Brasileiro de Saúde, o que respaldou a que uma equipe de pesquisadores do Laboratório da Rede Internacional do Instituto Pasteur no Senegal visitasse o Brasil com o objetivo de fornecer treinamento a equipes brasileiras no tocante ao surto do Zika Vírus.
COMBATE AO AEDES – Para intensificar as medidas de vigilância, prevenção e controle da dengue, febre chikungunya e Zika neste ano de 2016, o Ministério da Saúde repassou um recurso adicional de R$ 143,7 milhões a todos os municípios brasileiros. Os recursos são para qualificação das ações de combate ao mosquito transmissor dessas doenças, o Aedes aegypti, o que inclui vigilância epidemiológica e o aprimoramento dos planos de contingência.
O Ministério tem reunido esforços para o combate ao mosquito Aedes aegypti, convocando o poder público e a população para uma ampla mobilização nacional para conter o mosquito – que, neste momento, é a principal forma de impedir a proliferação da Zika no país. O governo federal mobilizou 19 ministérios e outros órgãos federais para atuar conjuntamente no enfrentamento, além da participação dos governos estaduais e municipais.
Com isso, as visitas a residências para eliminação e controle do vetor ganharam o reforço das Forças Armadas e de mais de 266 mil agentes comunitários de saúde, além dos cerca de 44 mil agentes de endemias que já atuavam regularmente nessas atividades. A orientação é para que esse grupo atue, inclusive, na organização de mutirões de combate ao mosquito em suas regiões.
Os repasses de recursos do Ministério da Saúde para o combate ao mosquito têm se mantido crescentes ao longo dos anos. Somente no ano de 2015, foi liberado R$ 1,25 bilhão. Em 2011, este montante era de R$ 970,4 mil, o que representa um aumento de 28,8% nos recursos nos últimos cinco anos. O Ministério da Saúde também investiu, no ano de 2015, R$ 23 milhões na aquisição de inseticidas e larvicidas. Além das ações de apoio a estados e municípios, o Ministério da Saúde realiza a aquisição de insumos estratégicos e kits de diagnósticos para auxiliar os gestores locais no combate ao mosquito.