Do Blog do Magno
Caruaru me recebeu, ontem, de braços abertos, literalmente, para o lançamento do meu livro Perto do coração, em noite de autógrafos na sede da Associação Comercial e Empresarial – ACIC. Antes, no entanto, mediei no auditório da instituição um debate sobre a crise nacional entre o senador Douglas Cintra (PTB) e o publicitário, marqueteiro e escritor José Nivaldo Júnior, da Academia Pernambucana de Letras.
O evento, que lotou as dependências da instituição, contou com a presença do vice-prefeito Jorge Gomes (PSB), que representou o prefeito José Queiroz, sendo aberto pelo presidente da ACIC, Ozires Caldas, que em seguida passou a palavra ao jornalista Carlos Tanuss, coordenador da Câmara Setorial dos Veículos de Comunicação, para dar as boas-vindas aos presentes. O debate foi extremamente produtivo.
O senador Douglas Cintra, naturalmente, foi o mais provocado, por ser integrante da base do Governo, para dar explicações sobre os escândalos, especialmente envolvendo a Petrobras, que resultou na operação Lava Jatos. O trabalhista destacou o fato de o País ter mudado, ressaltando que no passado não havia tanta transparência e que as instituições neste momento da vida nacional estão cumprindo bem o seu papel.
Disse que não há nada que justifique o impeachment da presidente Dilma porque se existem políticos e autoridades da sua base envolvidos em processos de corrupção, de sua parte ela tem sido firme, cobrando agilidade e eficiência da Polícia Federal em suas ações. “O grande câncer deste País é Eduardo Cunha”, disse, referindo-se ao presidente da Câmara dos Deputados, que, segundo ele, será cassado por ter mentido em relação à existência de contas que movimentou na Suíça com dinheiro desviado da Petrobras.
Já o publicitário José Nivaldo Júnior pregou o afastamento imediato da presidente, com a ressalva de que chefes de Nação não são afastados apenas por corrupção, mas também por ingovernabilidade, como é o caso de Dilma. “Não temos governo neste País e o que nós estamos assistindo é a um show de incompetência. O País chegou ao fundo do poço e pode entrar na depressão econômica”, advertiu.
Houve uma participação ativa da plateia e o debate, que durou duas horas, agradou em cheio. Mesmo enfrentando a metralhadora giratória de um afiado e inspirado José Nivaldo, que malhou impiedosamente o Governo e Dilma, o senador Douglas, numa postura bem moderada, soube dar o seu recado. Ao final, entre tantas perguntas, foi forçado até a falar sobre uma possível candidatura a prefeito, mas negou que tenha projetos de entrar na disputa da sucessão do prefeito José Queiroz.
Caruaru, com seus 350 mil habitantes, está cada vez mais pujante. Fundado em 18 de maio de 1857, o município começou a tomar forma em 1681, quando o então governador Aires de Souza de Castro doou à família Rodrigues de Sá uma sesmaria com trinta léguas de extensão, com o intuito de desenvolver a agricultura e a criação de gado na região, as terras na época constituíam a Fazenda Caruru.
A fazenda foi abandonada pelos seus donatários, só voltando a funcionar em 1776, quando José Rodrigues de Jesus decidiu voltar às terras, após a morte do seu patriarca. Lá, ergueu uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, sendo por conta dessa construção que foi criado um pequeno povoado ao seu redor, mais tarde originando a cidade.
O município exerce um importante papel centralizador no Agreste e interior pernambucano, concentrando o principal polo médico-hospitalar, acadêmico, cultural e turístico da região. Possui a maior Festa Junina do mundo, segundo registro do Guinness World Records (o livro dos recordes), e é internacionalmente conhecida pelos festejos.
Detém ainda a Feira de Caruaru, conhecida por ser uma das maiores feiras ao ar livre do mundo e ter sido tombada como patrimônio imaterial do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Seu artesanato com barro ficou mundialmente conhecido pelas mãos de Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, que representou Pernambuco na exposição de Arte Primitiva e Moderna Brasileira no ano de 1955, em Neuchâtel, na Suíça, podendo atualmente ter suas obras contempladas.