São pelo menos 16 milhões de diabéticos no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Pelo menos porque, segundo a Federação Internacional do Diabetes, um em cada dois diabéticos brasileiros nem sabe que tem a doença, o que elevaria esse total para cerca de 24 milhões de pessoas. E, mesmo aqueles com diabetes sob controle, com glicemia, pressão arterial e colesterol dentro da normalidade, muitas vezes pecam na prevenção.
“Os quadros infecciosos são muito complicados para os diabéticos de qualquer idade e muitas vezes o paciente não é informado da lista de vacinas que deve tomar”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinação (ABCVAC), Geraldo Barbosa. De acordo com ele, encabeçam essa lista as vacinas anuais contra gripe e, principalmente, contra a pneumonia. “são duas complicações graves para os diabéticos, já que ambas tendem a elevar perigosamente os níveis de açúcar no sangue. Os diabéticos de qualquer idade têm acesso à vacina contra gripe na rede pública, mediante apresentação de receita médica comprovando o quadro clínico, mas apenas aqueles com mais de 60 anos podem receber também a vacina contra a pneumonia. “Para a maioria dos doentes ela só está disponível nas clínicas privadas e é bom lembrar que o diabetes tipo 2 vem acometendo pacientes cada vez mais jovens,” alerta Barbosa.
Outra recomendação importante é a vacinação contra as hepatites A e B. O Centro de Controle de Doenças Infecciosas (CDC), em Atlanta, nos Estados Unidos, indica ainda que os diabéticos adultos tomem a vacina tríplice, contra tétano, difteria e coqueluche, lembrando que esta última, que estava praticamente desaparecida, voltou a circular pelo mundo na esteira dos movimentos antivacina. A lista inclui também a vacinação contra o herpes zoster. “Nosso conselho é que o diabético converse com seu médico sobre seu calendário de vacinas e esteja protegido contra infecções que podem ter efeito grave sobre seu quadro clínico.”
O Ministério da Saúde reforça o alerta à população sobre o crescimento da doença no país. O diagnóstico da enfermidade aumentou 61,8% em 10 anos, segundo dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Entre 2006 e 2016, o número de pessoas que dizem saber do diagnóstico de diabetes passou de 5,5% para 8,9%. As mulheres lideram o ranking: 9,9% da população feminina declarou possuir a doença contra 7,8% dos homens.
O crescimento do diabetes é uma tendência mundial, devido ao envelhecimento da população, mudanças dos hábitos alimentares e prática de atividade física. De acordo com a Pesquisa Vigitel, 18% da população das capitais brasileiras consomem alimentos doces em cinco ou mais dias da semana, sendo maior entre mulheres (19,7%) do que entre homens (16,0%). O comportamento é mais comum entre jovens de 18 a 24 (26,2%) seguido pela faixa etária de 25 a 34 (20,6%). O levantamento foi feito, a partir de perguntas que indagavam sobre a frequência semanal do consumo de sorvetes, chocolates, bolos, biscoitos ou doces. “Alimentação adequada e prática de exercícios físicos é essencial para conter a doença. Além da ampliação de acesso ao tratamento, temos atuado fortemente na promoção de hábitos saudáveis”, afirmou o ministro Ricardo Barros.