O sono é essencial à vida humana, uma vez que indispensável para o descanso dos sistemas respiratório e cardiovascular, quando a pressão arterial e a frequência cardíaca caem. É também fundamental para o sistema nervoso central, pois é durante esse período que ocorre a drenagem das toxinas que se acomodam no cérebro, ao longo do dia; a fixação de memória e a harmonização do corpo, bem como os hormônios são secretados. Por isso, quando se perde uma noite de sono, se acorda com sensação de cansaço, a memória piora, se fica mau humorado, com baixa concentração e sonolência, como explica Pedro Miranda, Integrante da Comissão de Odontologia do Sono do Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco (CRO-PE).
O expert em odontologia do sono fala da importância do sono para a saúde geral da pessoa, uma vez que a privação do tempo adequado de sono está relacionado a fatores multiplicadores de doenças como Mal de Alzheimer, Demência, Infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral), interferindo ainda no metabolismo geral e tendo portanto relação com a diabetes e outras comorbidades. O ideal é que um bebê durma 18 horas por dia; uma criança entre 10 e 14 horas; um adolescente entre 8 e 10 horas e um adulto ao menos 6 horas por dia. “Apesar disso, não existe um tempo padrão para o repouso, uma vez que cada um tem necessidades diferentes; há quem precise dormir menos de 6 horas, por exemplo, mas, estudos epidemiológicos indicam que dormir menos do que isso, geralmente, está associado a problemas de saúde”.
Pedro Miranda explica que o sono tem quatro etapas diferentes: duas primeiras muito rápidas (no início da noite) e que envolvem algum tipo de sonho, seguidas do sono de ondas lentas, quando se sonha muito pouco ou nada, e do sono REM (Rapid Eye Movement – Movimento Rápido dos Olhos), quando se sonha muito. Ele acrescenta que distúrbios do sono podem acarretar inúmeros prejuízos, com consequências negativas a curto, médio e longo prazo. “Inicialmente, a pessoa vai ficar irritada, ansiosa, com dificuldades cognitivas (de aprender coisas novas ou lembrar do que aprendeu recentemente) e de processamento emocional; em médio e longo prazos, pode levar a problemas cardiovasculares (hipertensão, arritmia cardíaca, acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio); diabetes; obesidade (quando se dorme mal, a tendência é consumir em maior quantidade comidas ricas em açúcar e calorias); problemas gastrointestinais; prejuízos à memória; maior possibilidade de depressão; além do Mal de Alzheimer”.
Um exemplo de distúrbio do sono é a insônia, que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é determinada quando a pessoa passa ao menos três noites sem dormir (ou desperta precocemente), durante a semana, por um período mínimo de três meses. Essa pode, inclusive, ser sinal de depressão ou ansiedade. Dados da OMS dão conta que o Brasil tem a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo (9,3% dos brasileiros). O odontólogo diz que para melhorar a situação é preciso mudanças de rotina para a obtenção de uma melhor qualidade de vida, como a realização de exercícios físicos regulares, alimentação adequada e dormir a quantidade de horas necessárias.
Outro distúrbio recorrente (um a cada três adultos apresenta esta condição) é a apneia do sono, que causa parada momentânea da respiração, por conta da obstrução das vias respiratórias devido ao relaxamento dos músculos da faringe, como relata o especialista. “A pessoa acometida, em geral, apresenta roncos e não tem um sono reparador, tem dificuldade de concentração e/ ou impotência. Entre os sintomas da condição estão o ronco durante o sono; acordar várias vezes à noite; paradas da respiração ou sufocamento durante o sono; sonolência e cansaço durante o dia; acordar muitas vezes para ir ao banheiro; dor de cabeça, sobretudo pela manhã; menor rendimento nos estudos ou trabalho; diminuição da concentração e da memória; irritabilidade e redução da libido”.
O diagnóstico da apneia do sono pode ser feito por um clínico geral ou por médicos otorrinolaringologista ou pneumatologista. Para tratar a doença é indicada a alteração de hábitos, a exemplo da redução de peso, evitar fumar, uso de aparelhos como CPAP (que empurra o ar para as vias respiratórias, o que facilita a respiração) e, em alguns casos, da placa de avanço mandibular (que puxa o queixo para a frente, tendo um ganho de espaço na parte de trás), sendo essa última de responsabilidade do profissional com curso em odontologia do sono, que atua no diagnóstico e tratamento de condições da saúde bucal (a exemplo do bruxismo, apneia obstrutiva do sono e ronco) que afetam o sono.
Pedro Miranda é formado, há 27 anos, em Odontologia. É especialista em DTM (Disfunção Temporomandibular) e Dor Orofacial; Ortodontia (aparelho fixo, aparelho estético – porcelana e alinhadores – Invisalign); Professor de Ortodontia, DTM e Dor Orofacial, com experiência em Odontologia do Sono (Ronco e Apneia), além de Bruxismo. Faz parte da Comissão de Odontologia do Sono do Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco (CRO – PE), junto com as profissionais Sandra Jordão, Ana Regina da Matta, Eleonora Burgos, Renata Grinfeld e Vânia Cristina.