Diversidade e potencial artístico de Caruaru incrementam a economia criativa na cidade

Caruaru é reconhecida por sua arte e representatividade cultural. Este potencial criativo traz, além de visibilidade e atrativos turísticos para a cidade, oportunidades para geração de negócios envolvendo a produção de peças artesanais e as manifestações culturais locais. Contando com espaços como o Alto do Moura e a Feira de Artesanato, o município concentra o maior número de empresas voltadas para a economia criativa nos Agrestes Central e Setentrional atendidas pelo Sebrae/PE. São mais de 2,4 mil no total, representando cerca de 40% dos empreendimentos do setor registrados na região, de acordo com dados compilados pelo Sebrae/PE.

Laudemiro Júnior, analista da instituição, aponta que, entre as diversas áreas que a economia criativa abrange, as que têm mais representatividade na região estão associadas ao artesanato e à gastronomia, trabalhadas principalmente em produção associada ao turismo. “Como parte destas iniciativas, o Sebrae está elaborando um projeto para desenvolver novos roteiros turísticos que aproveitem o potencial de cada localidade, a exemplo de Buíque, onde há o artesanato de madeira”, revela o analista. Ainda segundo Laudemiro, a instituição também apoia a economia criativa local, proporcionando acesso dos empreendedores a feiras e exposições, como a Fenearte; a profissionalização; e o fortalecimento do associativismo, atuando em parceria com as entidades de classe.

A Casa Papapiri é uma expressão da economia criativa, concretizada em uma loja colaborativa no bairro Maurício de Nassau. “Atuamos locando espaços, cada um com um valor diferente. O cliente traz o produto dele e a gente cuida da divulgação e da venda”, explica a arquiteta Morgana Monteiro Santos, empreendedora à frente do estabelecimento. Para reforçar a divulgação do lugar e das marcas parceiras que lá atuam, ela conta com uma assessoria de marketing e, pelo menos uma vez por mês, realiza uma feira de artesanato para ampliar a circulação de público e vendas. Neste período, a Casa também acolhe outros artistas que quiserem ter a experiência de estar no local por dois dias.

“É maravilhoso trabalhar com economia criativa. É uma coisa que eu sempre gostei. E eu acho necessário porque a gente tem muita coisa boa por aqui para ser divulgada. A minha ideia de abrir a loja foi justamente essa: ter um espaço onde pudesse mostrar para todo mundo, principalmente aos caruaruenses, que temos muita coisa boa, muita coisa de valor”, diz Morgana. A Casa Papapiri conta, atualmente, com cerca de 40 empreendedores.

A artesã Andréia Oliveira dos Santos aluga um espaço para expor seus produtos na loja colaborativa. Com a marca ArtMao, criada em 2019, ela produz belas peças trabalhadas com cerâmica de alta temperatura e vidrado/esmalte. “Estou na Casa Papapiri desde 2020. Minha experiência foi maravilhosa, deu muita visibilidade. Muitas pessoas passam por ali e veem o nosso trabalho. Só no Instagram eu não conseguiria atingir esse público. É uma casa muito rica em arte”.

DE CARUARU PARA O MUNDO

Já Lígia Raquel, empreendedora que dá nome à marca de confecções feitas de forma artesanal, está vendo seu trabalho em parceria com artesãs locais ir mais longe. “Além de produzir moda, desempenhamos um papel importante junto às bordadeiras locais, remunerando-as de forma justa, resgatando a arte manual para que ela não morra. Fortalecendo assim o protagonismo feminino e tornando essas mulheres independentes e empoderadas”.

Lígia conta que já participou de várias capacitações e projetos do Sebrae, entre eles, o Caruaru Moda Mundo, realizado em parceria com a Prefeitura. Recentemente, ela teve uma peça apresentada no Paris Fashion Show. Na ocasião, foi convidada pela estilista Fabiana Thorres para assinar os bordados e criar um vestido para compor a coleção “Raiz Tropical”, apresentada durante desfile no evento internacional. A peça ganhou o nome de Vestido Flor de Pau-Brasil e era repleta de bordados manuais. “É um desafio trabalhar com economia criativa, mas é gratificante poder transformar tantas vidas através da nossa cultura”, concluiu a empreendedora.

A mestra artesã Nicinha Otília trabalha com o artesanato do barro no Alto do Moura desde criança e tem plena consciência do potencial da economia criativa. “Gosto muito do que faço, criar é sempre um prazer. E também repasso o que eu aprendi. A economia é gerada em cima disso. O turista quer sempre levar uma peça, uma lembrança. Sou artesã e empreendedora porque existem pessoas que trabalham comigo. A economia criativa é geradora de muito emprego e renda. Por isso, têm que existir políticas públicas para os artistas”, analisa a artesã.

APOIO DO SEBRAE

Os interessados em mais informações sobre o apoio do Sebrae aos empreendedores da economia criativa em Caruaru e região devem entrar em contato com a unidade regional do Sebrae no Agreste Central e Setentrional, localizada em Caruaru, por meio do telefone (81) 2103-8406.