DEMOCRACIA E IMPEACHMENT: OS GOLPISTAS E OS RETROCESSOS SOCIAIS

*Por: Adilson Lira e Renato Carvalho

A conjuntura, o processo de impeachment; o golpe institucional e a proposta de plebiscito para antecipar as eleições presidenciais.

O cenário político continua absolutamente instável! Ainda está muito nebuloso e, qualquer dos caminhos para se tentar derrotar o impeachment e os golpistas ainda nos é muito desfavorável, muito difícil! Mas, como nada é fácil para nós das várias vertentes da esquerda no Brasil, podemos dizer que, “até aqui nenhuma novidade!”

No Senado, avançamos pouco ou não avançamos! Contamos com 22 senadores contrários ao golpe travestido de impeachment e precisaríamos ter, no mínimo, 28 votos contrários ou seja, precisamos de 6 votos para derrotar os golpistas no senado! 

É certo também que os golpistas não têm, hoje, a garantia dos 54 votos para aprovar definitivamente o golpe, o impeachment, e afastar definitivamente a presidenta Dilma (PT). Mas o vice-presidente, no exercício temporário da presidência, Michel Temer (PMDB), tem, e está usando sem nenhum pudor, “a caneta da presidência!” Ele está promovendo o “tomá-lá, dá cá” como nunca visto na história do Brasil! Como diz Lula, “nunca antes” se viu avançar tanto o “é dando que se recebe!” Os vendilhões do templo seriam fichinhas perto dos golpistas vendilhões da nação hoje! 

A ideia de defender um plebiscito, onde seja decidido sobre a antecipação das eleições presidenciais ou um mandato curto de 2 anos (2017/2018), ainda é uma incógnita! Não nos garante apoios! Mas não deixa de ser uma tentativa que pode colocar os golpistas na defensiva, na linguagem do boxe e do UFC “nas cordas” ou “nas grades!”

Nosso grande problema mesmo é a desmobilização ou a falta de grandes mobilizações nacionais contra os golpistas! Infelizmente, como disse recentemente o senador Roberto Requião (PMDB/PR), “o povo está agindo como o sapo no copo de água fervendo”, ou seja, está acomodado e esperando pra ver como fica! O problema é que, quando se der conta que a água ferveu “já era”, tal qual o sapo!

Os golpistas avançam na tentativa de retirada de direitos trabalhistas, mudanças, pra pior, no sistema previdenciário, criminalização dos movimentos sociais: sindicais, estudantis, de luta pela terra, de luta por moradia etc.!

Corremos sim o risco de ver, na prática, se repetir o velho jargão: “AGORA É TARDE, INÊS É MORTA!” E se Inês morrer, morrem junto a ela praticamente todas as conquistas sociais e avanços democráticos conquistados ao longo dos últimos 13 anos! Teremos um retrocesso absurdo, inacreditável! A “privataria tucana” terá sido “fichinha”, comparada ao que nos reserva esse retrocesso, caso esse governo golpista vença o processo de impeachment e se mantenha no “Planalto central” até 2018.
Nenhum dos cenários nos garante dar a volta por cima! É certo que os golpistas também não têm a garantia da vitória! Por isso, a proposta de um plebiscito, em que a população decida se quer ou não a antecipação das eleições presidenciais, com a aprovação de um mandato presidencial tampão (2017/2018), pode ser uma alternativa. Mas não nos iludamos, é muito difícil sua aprovação!

Os golpistas não querem a antecipação de eleições para presidente, senadores e deputados. Eles não admitem sequer a antecipação de eleição presidencial para um mandato tampão de 2 anos! Não querem que o povo decida! São arredios à democracia! Querem mesmo é consolidar o golpe no tapetão!

Nem tudo está perdido, mas muito já se perdeu! O desmonte do Estado Democrático de Direito e o retrocesso social será a tônica do governo golpista se eles conseguirem concretizar o golpe com esse processo tosco de impeachment. Por isso a necessidade de permanecermos mobilizados e mobilizando!

#ForaTemer. #VoltaDilma. #Lula2018. #NãoReconhecemosGovernoGolpista.

É isso. E temos dito.

*Adilson Lira

Advogado; Presidente do PT Caruaru-PE; Coordenação Nacional do Movimento Social Via Trabalho e integrante da EPS- Esquerda Popular Socialista (tendência do PT).
*Renato Carvalho

Advogado; Secretário Agrário Estadual do PT/PE; Secretário de Formação Política do PT Caruaru-PE; Coordenação Nacional do Movimento Social Via Trabalho e Coordenação Nacional da EPS- Esquerda Popular Socialista (tendência do PT).

Wagner Gil

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.