Em artigo, jornalista compara Fulô de Mandacaru com Safadão

Começo esse texto lembrando dos anos 90 no meu tempo de juventude, quando eu era fã do grupo engenheiros do Havaí, que nos embalava com suas belas canções sociais. Entre tantas boas reflexões do grupo Gaúcho, a letra “terra de gigantes” para esse momento que estamos passando aqui em Caruaru TORNA-SE atualíssima.

“Mais agora lá for” a, todo mundo é uma ilha, a milhas, e minhas distantes de qualquer lugar”,

                                                                ( …)

              “A juventude é uma banda, uma propaganda de refrigerantes”.

O São João de Caruaru, está defasado, o modelo está errado, é preciso quebrar com isso, é preciso um chamamento público, é preciso descentralizar o São João com polos específicos, é preciso valorizar a prata da casa e a cultura popular de raiz, é preciso diálogo com os conselheiros de políticas culturais e seus artistas e fazedores de cultura,

Romper com esse modelo de São João é a meta principal para qualquer gestor que entrar em 2017. 

Com essa história do show de Wesley Safadão , seu cachê, seu show cancelado por alguns dias, depois autorizado no São João de Caruaru 2016 e a força cultural do grupo Fulô de Mandacaru e a sua participação durante 10 semanas no programa superstar da Rede globo, chegando a reta final neste domingo, trago aqui, algumas reflexões pra dividir com vocês, sobre esses dois cenários que a cidade e o Brasil não param de falar, sendo matéria nos jornais de maiores circulação no pais, e nos telejornais de maior audiência. .

 Sobre o Safadão:

 O cantor Cearense ganhou força midiática há alguns anos, suas músicas de baixa qualidade, consegue chegar nos grandes centros culturais, consegue tocar em quase todas as emissoras de rádios do pais, e nas emissoras de TV de projeção nacional. O cantor hoje é garoto propaganda de grandes empresas multinacionais. 

Em Caruaru, o cantor está cobrando para se apresentar R$ 575.000,00 Mil reais, um absurdo para o que estamos enfrentando nessa crise econômica. Além de tudo, esse valor está além do que as cidades que também promovem festejos juninos estão pagando.

Fazendo uma conta rápida aqui, se o “Forrozeiro” Safado cantar 15 músicas, que é a média de cada apresentação, cada uma custará R$ 38.000,00, ou seja dividindo por 2 horas de show, vai dar por minuto R$ 4.791,66- É a peso de ouro mesmo. Se pelo menos esse valor que o cantor ganhasse ele gastasse aqui em CARUARU, aqueceria de fato a nossa economia?

 

 Fulô de Mandacaru

Já o grupo Caruaruense, Fulo de Mandacaru, há 15 anos na estrada, com uma música que mantem viva a raiz nordestina, a escola Gonzaguiana.

O grupo resgata os costumes, as nossas tradições ao usar um figurino tipicamente popular. O chapéu de couro, lembra Lampião, as sandálias de couro o xaxado da grande cantora Marinês, o lenço no pescoço, a maneira que o Trio Nordestino se apresentava, e sem dúvidas, as roupas coloridas, os trajes que o Rei Luiz Gonzaga cantou e se apresentou durante 50 anos da sua carreira artística.

O grupo Fulo de Mandacaru, mostrou para muitos no último dia 24 no pátio de eventos, que sua música contagiou as pessoas e seu show foi um sucesso, superlotou o espaço. O grupo, mantem viva a tradição da escola de Jacson do Pandeiro, Ary Lobo, Jacson do Pandeiro, Dominguinhos entre tantos outros. A vitória do Fulô de Mandacaru, só é possível se for uma vitória coletiva que envolva todos os artistas de todas as áreas, e toda sociedade participando.

O Fulô de Mandacaru, precisa do seu voto, não importa sua crença, seu time de futebol, sua etnia, sua classe social, seu partido político, somos todos- Fulô de Mandacaru. Vamos baixar o aplicativo e votar neste domingo e mostrar para o mundo a força da cultura popular.

 

Herlon Cavalcanti

Jornalista.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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