Por Magno Martins
Se o bombardeio do advogado Antônio Campos, derrotado na briga pela Prefeitura de Olinda, gerou uma cisão familiar no seio do Governo Paulo Câmara, a demissão do diretor de Relações Institucionais de Suape, Luciano Vasquez, confirmada em ato publicado no Diário Oficial de sábado passado, abre uma semana de questionamento ao gesto do governador.
Se no caso de Olinda a chiadeira se deu por falta de apoio efetivo da legenda, o episódio de Suape só se explica pela antecipação da eleição de 2018. Vice-presidente estadual do PSB, Vasquez não seguiu a orientação do seu partido, de alinhamento no segundo turno à candidatura de Tony Gel (PMDB), derrotado pela tucana Raquel Lyra. Imediatamente, subiu no palanque contrário.
Enquanto lideranças socialistas foram a Caruaru pedir voto para Tony, a começar pelo governador Paulo Câmara, que gravou cenas exibidas na propaganda eleitoral, o vice-presidente socialista fez o caminho inverso. Subiu no palanque de Raquel, a quem, aliás, já estava apoiando na prática desde o primeiro turno, mesmo não assumindo, em razão de o partido ter lançado candidato próprio.
Ligado umbilicalmente ao grupo do ex-governador João Lyra Neto, de quem foi secretário da Casa Civil durante o seu mandato tampão de nove meses, Vasquez foi voto vencido dentro do partido quando se iniciou a discussão da sucessão em Caruaru. Defendeu o tempo todo que a candidata fosse Raquel. O Governo acabou apoiando Jorge Gomes, a pedido do prefeito José Queiroz (PDT).
Só restou a Raquel o caminho para desaguar no PSDB, por onde disputou a Prefeitura e saiu vitoriosa no segundo turno. Para um integrante do diretório do PSB, Vasquez passou por cima da orientação partidária, ignorou os apelos do partido e não deu a menor satisfação antes de oficializar apoio à tucana.
“Trata-se de um caso de insubordinação, que tem o seu preço”, disse esse mesmo dirigente socialista. Na verdade, a demissão do vice-presidente do PSB é uma antecipação do processo eleitoral de 2018. Eleita, Raquel tem compromisso com a candidatura de Armando Monteiro para governador. Candidato à reeleição, Câmara será apoiado em Caruaru por Tony Gel. Em política só existem dois lados. Vasquez já fez a sua opção. Mas vai ficar posando de vítima.
DESABAFO– De Luciano Vasquez: “Com a eleição de Eduardo, em 2006, pensávamos que havíamos vencido a velha política e as suas práticas mais nefastas, como a perseguição, a retaliação e o expurgo, mas estão vivas e ativas em Pernambuco. A inexperiência, o amadorismo, a inércia e a falta de diálogo são as marcas efervescentes desse tempo. Recordo o que falou o ex-governador Miguel Arraes: “estão desmanchando com os pés, aquilo que o povo construiu com as mãos”. Estão jogando fora, de forma inconsequente, toda a história e legado de Arraes e Eduardo. Na eleição do segundo turno de Caruaru, fiz o que minha consciência determinava, para ter lado! Porém antes, procurei o governador, a deputada Laura Gomes e o companheiro Jorge Gomes que tinham anunciado a neutralidade”.