O empresário Leonardo Meirelles disse ter comprovantes de depósitos bancários, que somam US$ 5,1 milhões, de valores que recebeu e repassou ao doleiro Alberto Youssef. O doleiro, segundo ele, afirmou que o destinatário do dinheiro era o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em depoimento ao Conselho de Ética, Leonardo disse não ter feito qualquer depósito diretamente ao peemedebista nem saber se, de fato, o recurso chegou a Cunha.
Um dos delatores da Operação Lava Jato, Leonardo Meirelles cedia empresas para que Youssef fizesse repasses ao exterior destinados a beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. O empresário afirmou que recebeu três transferências em 2012 de uma empresa de Júlio Camargo em uma conta bancária na China. Segundo ele, os US$ 5,1 milhões foram convertidos em reais e entregues em espécies ao policial federal Jayme Careca, ajudante de Youssef.
“Uma semana após a operação, almoçando com o Alberto (Youssef), nesse mesmo dia eu vi o Júlio (Camargo) saindo do escritório do Alberto, fomos almoçar e ele me disse: ‘Você nem imagina a pressão que eu estava sofrendo’. E disse que era do investigado, que era de Eduardo Cunha”, afirmou.
O empresário contou que pediu autorização ao juiz Sérgio Moro para buscar os extratos das transações bancárias em Hong Kong e que entregou o material à Procuradoria-Geral da República. Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ter recebido propina em troca de contratos de navios-sondas das empresas Samsung Heavy Industries Co. e da japonesa Mitsui com a Petrobras.
Leonardo foi questionado por defensores de Cunha por que veio depor em Brasília com recursos próprios. “Vim cumprir meu papel de cidadão”, respondeu. O presidente da Câmara não autorizou o pagamento da passagem da testemunha em seu processo de cassação e tentou barrar o depoimento dele e de outras pessoas que o incriminam. O pedido, no entanto, foi barrado pela ministra Cármen Lúcia.