A necessidade de adotar um regime de quarentena ou permanecer o máximo de tempo possível em sua casa é uma indicação que vem sendo constantemente incentivada por governantes e autoridades da saúde em todo mundo nos últimos dias. A medida tem se mostrado, até o momento, uma das orientações mais eficazes no combate a pandemia global do coronavírus. Entretanto, um dos efeitos colaterais diretos do isolamento social é a redução significativa ou até mesmo suspensão das atividades comerciais, entre elas lojas, restaurantes e demais estabelecimentos que devem grande parte de seu faturamento a venda direta com a presença física de público.
Neste cenário, inúmeros empreendimentos estão buscando alternativas para manter as atividades em funcionamento parcial, sem comprometer as orientações básicas de combate a disseminação do vírus, que compreendem em evitar aglomerações e práticas sociais que envolvam contato físico. Muitos têm adaptado as vendas para o formato online e explorado as ferramentas tecnológicas para estimular as vendas. “Sabemos o tamanho da importância de seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e das autoridades locais nesse momento tão complicado. Ao mesmo tempo, nos vimos com o desafio de encontrar uma maneira de manter o negócio em funcionamento para ao menos amenizar o impacto econômico dessa pandemia”, comenta Bruno Esperança, diretor geral da Esalflores, maior rede de floriculturas do país.
Com matriz em Curitiba (PR) e unidades nas cidades de São Paulo (SP), Guarulhos (SP) e Recife (PE), a Esalflores, além de direcionar as vendas para a plataforma de e-commerce, passou também a executar vendas via telefone e chamada de vídeo. “Adaptamos as operações para um modelo de contingência e estamos focando em três propósitos: garantir a manutenção das flores e plantas, pois são produtos naturais vivos e perecíveis que não resistiriam ao cancelamento integral das atividades; subsidiar a sobrevivência mínima da empresa para evitar a paralisação total; e manter o suprimento desse serviço para o público, já que em um momento de reclusão, nós julgamos que cultivar plantas em casa e manter um contato com a natureza pode ajudar muito a atravessar esse período tão delicado”, conta o empresário. Entretanto, o formato atual de funcionamento não representa nem 10% do faturamento em dias normais. “O formato de venda em vídeo guia, em que levamos o cliente para passear pela loja e escolher os produtos por meio de uma vídeo chamada, está sendo testado e os resultados nos surpreenderam bastante, mas ainda assim a demanda está muito abaixo do normal”, completa Bruno Esperança.
Para a NESH Eco.Cosméticos, marca de cosméticos naturais e veganos localizada em Curitiba (PR), a opção foi disponibilizar um número de whats app para as vendas. “Colocamos todo o estoque disponível para a comercialização pelo whats app. É uma opção viável e estamos nos adaptando a trabalha-la da melhor forma, mas quebra um pouco do fluxo da ideia de loja da nossa marca, até porque nossas linhas de produtos envolvem sensações e experiências, e diferente de uma plataforma de e-commerce por exemplo, que garante a exposição e descrição de todos os produtos, no whats app esse tópico é mais limitado”, explica o idealizador da NESH, Thiago Pissaia. A mesma medida foi adotada pela chocolateria Cuore di Cacao, que viu a crise explodir bem perto da Páscoa, época do ano mais importante para a empresa. Nos últimos dias, a forma encontrada pela chocolateria para comercializar seus produtos foram os pedidos via WhatsApp.
No segmento da gastronomia, inclusive, estão os empreendimentos que sentiram mais rapidamente os efeitos econômicos do coronavírus. Centenas de negócios tiveram que adequar seus serviços a novos formatos. “Para manter seus serviços ativos e preservar algum fluxo de caixa, muitos estabelecimentos optaram por dar exclusividade ao serviço via delivery ou para ações de retirada de pedidos no balcão. São várias as plataformas, já bastante populares no Brasil, que proporcionam esse suporte, e até representam uma boa parte do faturamento de diversos empreendimentos, porém muitos empreendimentos passaram a aderir a este sistema somente devido aos efeitos da crise e estão tentando se adaptar”, conta o diretor geral da Associação de Brasileira de Bares e Restaurares (Abrasel – PR), Luciano Bartolomeu. Marcas como Cookie Stories, Bangalô dos Pastéis, Soho Burger Gallery e O Barba continuam com suas cozinhas funcionando atendendo a crescente demanda de quem está em casa. Até a cervejaria Way Beer, uma das grandes referências do mercado cervejeiro brasileiro, lançou uma ação de venda de chope em lata, com compra via WhatsApp e entrega gratuita.
Já muitos bares e restaurantes que resolveram suspender totalmente os seus serviços estão apostando em vouchers para consumo futuro para movimentar o caixa. O Sirène Fish & Chips, por exemplo, maior rede de fish n’ chips da América Latina, lançou a campanha “Super Ação Sirène”. Em parceria com o PicPay, fintech que permite o pagamento das compras direto pelo smartphone, com cartão de crédito ou valor de transferência, a rede oferece vouchers para serem utilizados nas unidades do Sirène após o período de quarentena. Para participar é bem fácil, basta o cliente ter a plataforma PicPay, escolher no campo de busca a unidade do Sirène que pretende contribuir e adquirir vouchers com valores entre R$ 20 e R$ 500. Além de ajudar o empreendimento a girar o caixa das próximas semanas, o usuário terá R$ 8 de cashback, além de benefícios e brindes exclusivos do empreendimento, como tênis, meias e bonés.
“Estamos passando por um período de incertezas quanto ao Coronavírus, mas família mesmo nunca abandona. Desenvolvemos um plano diferenciado e cheio de novidades para que todo mundo continue unido nesse período que estaremos com operações restritas. Nossos clientes poderão comprar vouchers do Sirène para consumo na unidade que estiver afim depois que tudo isto passar. É uma forma de ficarmos juntos, nos ajudarmos e tocarmos a vida”, completa Lucas Lopes, sócio fundador da rede.