Com a permanência cada vez mais insustentável, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, não queria que o Brasil integrasse o consórcio global Covax Facility, responsável pelo desenvolvimento e distribuição da vacinas contra a Covid-19. A informação é de Guilherme Amado, da Revista Época.
“A resistência de Araújo, ainda em 2020, era porque via na aliança um fortalecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), naquele momento atacada por Donald Trump e criticada também por bolsonaristas. O fato de ser uma aliança global também incomodava o chanceler, publicamente contrário ao globalismo — seja lá o que o termo queira dizer”, atesta.
Ainda de acordo com Amado, a situação “só mudou quando entrou em campo a embaixadora Nazareth Azevêdo, então representante do Brasil para a ONU em Genebra”. Ela insistiu com Araújo e explicou que, se não aderisse ao Covax Facility, o Brasil perigava não ter nenhuma vacina. “Depois de muitas negativas, o chanceler se dobrou, e agora diz que sempre trabalhou pela vacina”, prossegue.
O Brasil recebeu do Covax Facility um milhão de doses de vacina AstraZeneca/Oxford, no último domingo (21), e ainda terá acesso pelo consórcio a outras 41 milhões. Cerca de 150 países integram a coalizão.
O governo brasileiro espera mais 1,9 milhão de doses até o fim deste mês.