Foto: Pedro Miranda / Arquivo Pessoal
Respirar da forma correta é vital para a qualidade de vida do ser humano. A forma normal ou fisiológica de se respirar é pelo nariz, o que permite purificar o ar através das estruturas dentro da cavidade nasal. Dessa forma, o ar que ingressa pela nasofaringe, orofaringe e garganta não afeta em grande medida o tecido linfóide, as adenóides e as amígdalas, que são as últimas barreiras para parar as partículas nocivas que estão no ar antes que cheguem aos pulmões, como explica o ortodontista Pedro Miranda, especialista em Disfunção Temporomandibular (DTM) e Dor Orofacial e integrante da Comissão de Odontologia do Sono do CRO-PE (Conselho Regional de Odontologia-PE).
A respiração nasal estimula a produção de gases e substâncias no nariz, que facilitam a entrada de ar nos pulmões e evitam infecções no sistema respiratório, segundo o ortodontista Pedro Miranda. “A respiração bucal permite que o ar passe diretamente pela garganta, onde se encontram as adenóides e as amígdalas. Dessa maneira, o ar que entra no corpo através da boca não se purifica anteriormente e o tecido linfóide, junto com as adenóides e as amígdalas se tornam a primeira barreira defensiva contra as barreiras nocivas contidas no ar. Como consequência, esse tecido cresce e ocupa um grande volume da garganta, o que dificulta a respiração nasal e faz com que se acostume a respirar pela boca”.
Respirar pelo nariz é a forma correta porque a língua pode descansar no palato, estimulando o crescimento normal e desenvolvimento da maxila, como acrescenta o especialista. “Quando se respira pela boca, a língua desce e sobressai, ao mesmo tempo, a pressão das bochechas aumenta e empurra a maxila para dentro afetando o crescimento e desenvolvimento dela e tendo como resultado um palato estreito e profundo e a arcada superior em formato de V, ao invés de uma arcada redonda. Os dentes não têm espaço para um alinhamento correto e isso produz a deglutição atípica”.
O nariz é para respirar e a boca é para comer. Respirar pelo nariz e manter a boca fechada com os lábios juntos ajuda a mandíbula e a maxila a crescer e a se desenvolver melhor. É por isso que há casos em que há a necessidade de intervenção na respiração para a melhora do sono da pessoa. A paciente Isabela Sofia, de 10 anos, segue em tratamento ortodôntico, principalmente ortopédico, para corrigir a relação das arcadas maxilo-mandíbula. “Ela tinha uma classe 2 bem acentuada ou seja uma má relação entre a maxila e a mandíbula apresentando um queixo muito retraído (para trás). Então, a gente usou um aparelho ortopédico para protruir (avançar) a mandíbula e melhorar a qualidade do sono porque ela dormia com a boca aberta e agora ela dorme com a boca fechada. O tratamento ortodôntico/ ortopédico quando melhora a relação das maxilas e a postura da pessoa facilita a respiração pela boca e melhora a qualidade de vida porque a pessoa passa a respirar melhor pelo nariz. Isso tem até uma relação com a cognição, melhora da memória e da concentração, o que afeta positivamente no rendimento escolar”, explica o ortodontista.
O pai da paciente, Jailson Claudino, relata que percebe os benefícios do tratamento. “Com o passar do tempo, ela passou a dormir melhor, com a boca fechada e respirando pelo nariz, melhorou a auto estima e até mesmo a concentração e atenção, além das notas no colégio”.
Pedro Miranda é formado, há 27 anos, em Odontologia. É especialista em DTM (Disfunção Temporomandibular), Dor Orofacial e Ortodontia (aparelho fixo, aparelho estético – porcelana e alinhadores – Invisalign). É professor de Ortodontia, DTM e Dor Orofacial, com experiência em Odontologia do Sono (Ronco e Apneia) e Bruxismo. Faz parte da Comissão de Odontologia do Sono do Conselho Regional de Odontologia-PE (CRO-PE), junto com as profissionais Sandra Jordão, Ana Regina da Matta, Eleonora Burgos, Renata Grinfeld e Vânia Cristina.