Foto: Miguel Schincariol/AFP |
Uma projeção da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, estima que o Brasil, até 1º de julho, pode alcançar a marca de 562,8 mil mortes em decorrência da Covid-19. O assustador é que este cenário é o considerado o mais otimista, segundo o estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), ligado à universidade. As quase 600 mil vidas perdidas para o novo coronavírus referem-se ao panorama mais provável, no qual vacinas são distribuídas sem atrasos, governos determinam novas medidas restritivas com duração de seis semanas toda vez que o número de mortes diárias ultrapassar oito por milhão de habitantes — esse índice atualmente chega a 13 —, e vacinados deixam de usar máscaras somente três meses após a segunda dose, entre outras variáveis.
Mas não é esta a única projeção negativa do IHME: abril pode ser o mais mortal da pandemia, com quase 100 mil óbitos. O pico deve ocorrer no dia 24, quando calcula-se que mais de 4 mil pessoas perderão a vida em 24 horas. A projeção leva em conta o pior cenário possível, caso todos os vacinados voltem a se deslocar normalmente, usem menos máscaras e a eficiência do imunizante seja inferior diante da variante amazônica do novo coronavírus.
“Acaba de sair a projeção atualizada da pandemia pela Universidade de Washington. Resumo do Brasil: 562.863 mortos até o dia 1° de julho, 100 mil só neste mês de abril. Nesse ritmo, devemos superar os Estados Unidos em números absolutos em agosto. Triste!”, escreveu a epidemiologista Ethel Maciel em sua conta no Twitter. Caso as previsões se confirmem, a tendência é de que o Brasil ultrapasse os Estados Unidos em número de mortes até agosto.
Abril mortal
Mesmo na melhor das hipóteses, o Brasil encerra abril com 418,9 mil mortes e sobe para 422 mil, no pior cenário. A diferença ocorre, sobretudo, a médio prazo, podendo o país poupar 88 mil vidas caso 95% da população use a máscara corretamente. As projeções do IHME têm como ponto de partida os números divulgados pelo Ministério da Saúde que, ontem, acrescentou mais 1.240 óbitos, totalizando 331.433 perdas pela doença.
Para fazer as projeções, o estudo constitui três cenários e todos consideram que as cepas do Brasil, da África do Sul e do Reino Unido vão continuar se espalhando. O crescimento de mortes projetado para o Brasil — o país tem, hoje, o segundo maior número do mundo, ficando atrás apenas dos EUA, que contabiliza 554,5 mil óbitos, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins — é sete vezes maior que o estimado para os norte-americanos.
Enquanto o Brasil vive o pior momento da pandemia, com recorde de mortes e hospitais colapsados, os EUA começam a retomar a normalidade graças ao seu acelerado programa de vacinação. De acordo com dados do site Our World in Data, vinculado à Universidade de Oxford, 31% da população americana já receberam ao menos uma dose do imunizante contra Covid.
As projeções pessimistas para o Brasil ocorrem em um momento de escassez de doses e dificuldade para imprimir um ritmo mais acelerado à campanha de vacinação, com apenas 9% da população já tendo recebido ao menos a primeira dose. O modelo do IHME é o que tem embasado as políticas de saúde da Casa Branca.
Atualmente, há 1.296.002 pessoas em acompanhamento com Covid-19 e novas 31.359 infecções foram confirmadas ontem. Desde o início da pandemia, o Brasil registrou 12.984.956 casos e, destes, 11.357.521 se recuperaram, o que representa 87,5% do total.
Diário de Pernambuco