Por Áureo Cisneiros*
Na noite da última sexta-feira (10), em Vicência, Severino Ferreira de Lyra (Biu Agente), Comissário de Polícia aposentado, ex-diretor do Sinpol-PE, meu primo, foi covardemente executado. Estou tomado pela sensação de dilaceração, um pedaço da minha família se foi. Sentimento de dor, revolta e sede de justiça. Quero que todos os envolvidos apodreçam na prisão.
A violência em Pernambuco está insuportável. Entra governo e sai governo e nada muda. Inclusive, são os mesmos burocratas de sempre nos cargos de comando da SDS. Até o secretário é o mesmo.
Em menos de dois anos do atual governo, milhares de assassinatos e todo tipo de crime vem aumentando.
Em fevereiro, o Comissário de Polícia, Natanael Nazareno, foi baleado e morto enquanto pedalava com amigos. Também tivemos turistas (pessoas visitando nosso estado) vitimados pela violência.
No ano passado, um juiz sofreu emboscada e foi assassinado, além de dezenas e dezenas de feminicídios por todo o estado. A violência está se manifestando em todas as estratificações do convívio social. Membros de uma torcida organizada atacaram um time visitante com pedras e explosivos, ainda tivemos o lamentável caso do vigilante morto, no seu último plantão, dentro do maior hospital de emergência do estado e de todo Nordeste.
Também ocorreu mais um lamentável caso envolvendo um estudante universitário esfaqueado e morto dentro de um ônibus no Centro do Recife – cadê as câmeras de segurança? Caruaru, berço do Juntos pela Segurança, aparecendo mais uma vez como uma das 50 cidades mais violentas do mundo. Pernambuco passa por uma crise na segurança pública que começa a escalar colocando a vida de todos em risco. Chega!
O Comissário de Polícia Biu Agente, meu primo, foi executado em Vicência, uma cidade com 30 mil pessoas e apenas dois policiais trabalhando por dia. Dois! A delegacia, por falta de efetivo, fecha a noite e nos finais de semana.
Além de um salário de fome, os policiais civis continuam sem efetivo e estrutura para trabalhar.
Diante de tanta manifestação de violência, o Governo do Estado precisa ser humilde e reconhecer que é preciso revisar o Juntos pela Segurança. Ele não está funcionando. Os policiais civis continuam desestruturados, desvalorizados e sem efetivo. A violência não para de aumentar e a sociedade está com medo e clama por justiça e paz social.
É importante salientar que só existirá o Juntos pela segurança se o atual governo pactuar com a sociedade, com as universidades, com os poderes Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público.
Onde estão os bilhões em investimentos anunciados para a segurança pública? Até agora, não chegou um centavo para estruturar, valorizar e reconhecer o policial civil trabalhador.
Desculpem o desabafo, mas não posso me calar!
Até quando tudo isso?
*Presidente do Sinpol-PE
Wagner Gil
Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.