Exaltando a voz do povo, Homem da Meia-Noite saiu às ruas de Olinda

Maria Alice, Jessica Silva e Rafaela Mendes foram as estilistas que confeccionaram a roupa do Calunga  (Samuel Calado / Esp DP)
Maria Alice, Jessica Silva e Rafaela Mendes foram as estilistas que confeccionaram a roupa do Calunga
Neste ano, o Gigante Cultural trouxe os pedidos das comunidades do Recife: liberdade, dignidade, igualdade,educação e saúde. Além disso, a Constituição de 1988 também foi homenageada com um bordado nas costas do calunga. No início do caminho, o fraque encontrou com a Mulher do Dia e teve até tempo de trocar carinho. Depois, retornou ao Seplama e seguiu pelas ladeiras da Cidade Alta.
De geração pra geração
O Presidente do Homem da Meia-Noite, Luiz Adolpho, não escondeu a emoção de eternizar, por mais um ano, o legado do seu pai, Tárcio Botelho, que presidiu a agremiação por 11 anos. “Eu fico muito feliz por levar adiante a história do meu pai, vem a lembrança do meu pai, em nome de tudo que eu construí pela memória dele”, contou, emocionado.
Inédito
Pela primeira vez desde o nascimento do bloco, no dia 3 de fevereiro de 1932, Homem da Meia-Noite foi confeccionado pelas mãos dos profissionais de moda. Jessica Silva, Maria Alice e Rafaela Mendes foram as estilistas que saíram às ruas das comunidades do Grande Recife para buscar os anseios do povo e refleti-los na vestimenta do Calunga Gigante. E não esconderam o sentimento de gratidão pelo trabalho.
“Foi muito sentimento envolvido. E também, de certa forma, uma crítica, por que não? A voz do povo não seria de amor se não tivesse resistência. A palavra é emoção, de tarefa cumprida. Hoje é um dia histórico. Falar a voz do povo não foi fácil e a gente conseguiu, espero que todos se sintam representados em cada voz e em cada palavra”, comemorou Maria Alice.
Homenagens
A noite também foi marcada por honrarias. O presidente do bloco, Luiz Adolpho recebeu o prêmio Gigante Cultural ,antes da saída do calunga, pelos anos dedicados ao Homem da Meia-Noite. Ainda, a madrugada deste domingo também foi de Lia de Itamaracá, Lucas dos Prazeres e Patusco, os homenageados deste ano. “Homenagem pra mim é muito importante porque deixa a pessoa viva. Eu, viva, estou vendo como foi feito. O Homem da Meia-Noite é uma tradição poderosa, respeitada. Eu era louca para acompanhar esse homem e agora estou aqui do lado dele”, explicou Lia, Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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