Um dos donos da Engevix, José Antunes Sobrinho rompeu unilateralmente as negociações de um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. O executivo prometia entregar provas do pagamento de R$ 1 milhão a um interlocutor do presidente interino, Michel Temer, pela participação em contrato de R$ 162 milhões da Eletronuclear, referente à usina de Angra 3. As informações são do jornal O Globo.
Segundo a defesa de Sobrinho, a mudança de estratégia foi provocada pela absolvição dele em maio deste ano por falta de provas de participação em crimes relacionados à Petrobras. Os investigadores da Lava Jato, entretanto, desconfiam que o abandono das negociações possa ter tido outras motivações e mostraram-se surpresos com a desistência de Sobrinho.
Sobrinho é investigado também em outras frentes da Lava Jato, envolvendo propina na área elétrica e na usina de Belo Monte. Ainda de acordo com O Globo, os advogados do dono da Engevix descartam retomar o acordo de delação, já que os casos não estão mais com a força-tarefa. Sobrinho havia assinado o termo de confidencialidade e apresentado pelo menos três propostas, em que citava, principalmente, políticos e operadores do PT e do PMDB.
Extorno
O executivo contou que foi duas vezes ao escritório de Temer no Itaim Bibi, em São Paulo, acompanhado do coronel da Polícia Militar, João Baptista Lima, para tratar de contatos na Eletronuclear. Lima é tido como “pessoa de total confiança” do presidente interino. Segundo O Globo, Sobrinho conta que conseguiu um contrato de R$ 162 milhões com a Petrobras em 2012 em parceria com a fornecedora internacional AF Consult para construir a usina nuclear Angra 3.
Sobrinho conta que, após a assinatura do contrato, foi cobrado por Lima a pagar R$ 1 milhão de propina a pedido do presidente. O executivo conta, ainda, que o pagamento foi realizado por meio de uma fornecedora da Engevix. Com o desenrolar das investigações da Lava Jato, Sobrinho diz que Temer tentou devolver o dinheiro, o que ele não aceitou.