Falta de estrutura na saúde causa violência contra médicos 

Segundo dados divulgados pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) em dezembro de 2015, 17% dos profissionais médicos do estado já sofreram violência no ambiente de trabalho. A pesquisa entrevistou médicos e usuários dos sistemas de saúde público e privado, e o resultado apontou que o principal fator para a violência é a demora no atendimento.
 

Segundo a pesquisa, 35% dos usuários já presenciaram agressões físicas, psicológicas e verbais contra médicos. A origem das agressões, que incluíam ameaças, são situações de estresse causadas pela demora no atendimento médico. Para os profissionais, é o paciente insatisfeito com o sistema público que gera a violência. Segundo eles, o atendimento deficiente no hospital, as horas de espera e a falta de estrutura são outras razões que explicariam episódios de violência.

 

Para Emanuel Fonseca, membro da Associação Dignidade Médica, órgão que tem apoio da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), o cenário se repete em Pernambuco. “A situação em Pernambuco e tão preocupante quanto nos outros estados, e isso pode ser facilmente constatado se observarmos o que acontece ao nosso redor”, afirma. Apesar de concordar com a pesquisa, Fonseca acredita que esse tipo de denúncia ainda é subnotificada porque os médicos têm medo de se expor. Ele explica ainda que há um conjunto de fatores que proporciona esse tipo de violência. “Muitos médicos ainda trabalham sem recursos necessários, com equipes desfalcadas, sem estrutura física adequada e sem segurança. E a população está cansada de ser maltratada pelos governos e pelos planos de saúde, cansaram de aguardar mais que o necessário e de ouvir que faltam vagas em leitos especializados e UTI’s”.

 

Para ele, esse tipo de violência só pode ser evitado através de uma política que priorize a Saúde no Brasil. No entanto, Fonseca afirma que medidas que tornem mais claras para a população de quem é a responsabilidade pelos problemas nos hospitais também são cabíveis. “Estamos na linha de frente, representando diretamente os que são responsáveis pelo descaso, aos olhos da população. Somos alvos fáceis da insatisfação e, por conseguinte, da violência. Por isso é necessário uma campanha permanente de conscientização e educação política”, explica.   

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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