A estratégia de fracionamento da vacinação contra a febre amarela, adotada pelo Ministério da Saúde, continua gerando dúvidas por parte da população e autoridades do setor. Para o infectologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Artur Timerman, a proteção deste tipo de vacina ainda é desconhecida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o fracionamento só deve ser usado em casos de emergência, como ocorre nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, onde foi identificada a circulação do vírus. Timerman, porém, explica que, por não existir constatação do tempo de proteção, é preciso manter acompanhamento médico constante da população imunizada.
“O fracionamento é melhor do que nada, mas o fato é que as pessoas vão ter que ser seguidas de perto com acompanhamento de exames de sangue para saber quanto tempo demoram a perder a imunidade. Após este período, as autoridades deverão avaliar a necessidade de uma dose de reforço”, salienta o especialista, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses.
Todo o processo de intensificação de combate à doença, segundo Timerman, foi feito de forma tardia. “Esse atropelo, que está acontecendo agora, não era para ter ocorrido. Desde julho de 2016, sabemos que estão morrendo macacos em vários locais do Brasil. Nesta época, já devíamos ter iniciado um programa de vacinação”, afirma o médico.
A fim de evitar as complicações e mortes por febre amarela, a OMS recomenda a confirmação dos exames dentro de 24 horas. O infectologista esclarece que este período diminui as possibilidades da evolução do quadro. “O diagnóstico precoce é de extrema importância. Apesar de não obrigatoriamente impedir a evolução do paciente para formas mais graves da doença, as chances de reduzir essa possibilidade são reais”, disse Timerman.
Para conseguir a confirmação de forma rápida, porém, é preciso ficar atento aos sintomas. “Caso o paciente apresente febre alta, mal estar, dores no corpo e alteração no fígado, é importante realizar exame de sangue. E, se constatada a doença, o primeiro passo é a internação”, enfatiza o especialista.