Congresso em Foco
A empresa LFT, de Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, recebeu R$ 1,05 milhão por dois contratos em que plagiou, entre outros, textos de um blog, cujo dono ameaça entrar com processo. Segundo o jornal O Globo, a técnica de copiar e colar sem dar o devido crédito foi utilizada em dois dos quatro trabalhos prestados por Luis Cláudio ao escritório Marcondes & Mautoni, empresa de lobby investigada na Operação Zelotes. Ao todo, os contratos somam R$ 2,4 milhões.
Um dos relatórios entregues pela LFT, “Impacto da Copa do Mundo no desempenho das empresas patrocinadoras”, traz informações sobre a história e os negócios de grandes marcas associadas à Fifa e ao Mundial de 2014.
De acordo com a reportagem, trechos sobre 13 empresas, como Adidas, Coca-Cola, Garoto, Sony e McDonald’s, foram copiados do site Mundo das Marcas, do publicitário Kadu Dias, sem o devido crédito ao autor. O publicitário afirmou que nunca teve relação com Luis Cláudio ou a LFT e que vai tomar providências jurídicas contra o filho do ex-presidente e sua empresa. No caso da Oi e da Marfrig, outras patrocinadoras da Copa, a LFT usou textos da Wikipedia e trecho de reportagem do jornal Brasil Econômico, informa O Globo. Por esse trabalho, a empresa do filho do ex-presidente recebeu R$ 400 mil da Marcondes & Mautoni.
Já o texto “Análise do esporte como fator de motivação e integração nas empresas” traz definições de esporte e torneio esportivo copiadas da Wikipedia. Também é reproduzido sem crédito um artigo acadêmico publicado em 2006 na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, da USP. Segundo a reportagem, em dois casos as fontes foram citadas: uma pesquisa do Sebrae e outra da consultoria GlobalWebindex sobre impactos econômicos da Copa. Por esse relatório, a LFT recebeu R$ 600 mil do escritório de lobby.
Nos outros dois trabalhos entregues por Luís Cláudio, o Globo não identificou plágio. “Olimpíadas 2016”, com perfil do Rio, custou R$ 1 milhão, enquanto o “Estudo publicitário visando patrocínio nas arenas construídas para a Copa de 2014”, com dados relativos às sedes e aos estádios do Mundial, saiu a R$ 350 mil.
Relatório da PF já indicava a utilização de “meras reproduções de conteúdo disponível na rede mundial de computadores, em especial no site do Wikipedia” nos trabalhos da LFT, conforme publicaram em novembro os jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. Na avaliação dos investigadores, a descoberta reforça as suspeitas de envolvimento da empresa de Luís Cláudio no esquema de compra de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos com incentivos fiscais.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Luis Cláudio, disse ao Globo que a Marcondes & Mautoni não reclamou dos trechos copiados. Os donos do escritório estão presos, acusados de participar da negociação de medidas provisórias que favoreceram a Caoa, representante da Hyundai, e a MCC Automotores, que fabrica veículos da Mistubishi no Brasil. A empresa recebeu R$ 32 milhões das duas montadoras no período em que estavam em curso negociações para alterar três MPs de interesse do setor automobilístico, entre 2009 e 2014, de acordo com as investigações.