Fundação Nacional de Artes reconhece ceramista Jandira Diriti como Mestra das Artes Brasileiras

A Fundação Nacional de Artes reconheceu Jandira Diriti como uma das 50 Mestras e Mestres das Artes Brasileiras pela sua contribuição para as artes visuais do país. Com forte atuação na transmissão de saberes para as novas gerações do povo Karajá, ela é mestra ceramista, ofício que desenvolve desde a sua infância.

Aos 75 anos, Jandira confecciona potes, panelas, pratos de cerâmica, mas sua especialidade é a criação de bonecas ritxoko, patrimônio cultural do Brasil reconhecido desde 2012. As bonecas representam o povo Iny, um grupo formado pelos Javaé e Xambioá e também pelos Karajá, povo a que Jandira pertence e que soma mais de três mil pessoas distribuídas em mais de 20 aldeias. Ela vive na aldeia Bdè-Buè, uma das duas aldeias Iny Karajá localizadas às margens do Rio Araguaia, no município de Aruanã, Goiás. 

A comunidade Iny têm como sustentabilidade econômica a produção e venda dos produtos artísticos, com a utilização da matéria-prima extraída do ambiente local. Através do seu ofício, Jandira contribui para o fortalecimento político e econômico da comunidade, mesclando sua trajetória com a história do seu povo. 

Entre outras atividades, ela participou com a sua comunidade do projeto “Bonecas Karajá como Patrimônio Cultural do Brasil: Contribuições para a sua Salvaguarda”, coordenado pelo Museu Antropológico/UFG, com apoio do Iphan. O projeto de pesquisa era voltado para a produção de conhecimento sobre as bonecas de cerâmica Karajá para subsidiar a solicitação desse bem cultural como patrimônio cultural do Brasil. O reconhecimento, que ocorreu em janeiro de 2012, contou no dossiê com registros da participação de Jandira como ceramista mestra.

Ela faz parte, no segmento de artes visuais, do Prêmio Funarte Mestras e Mestres das Artes 2023, mecanismo inédito que reconhece agentes das artes com mais de 60 anos, considerados “mestres das artes”, de todas as regiões do país. Para concorrer ao prêmio, mestras e mestres são indicados por organizações, grupos ou coletivos que os reconhecessem como referência nas artes. Com um investimento total de R$ 5 milhões, o prêmio é uma iniciativa-piloto que visa ao fomento e à difusão da memória das artes no Brasil, por meio do reconhecimento e valorização da trajetória de agentes aclamados por coletividades a partir de suas contribuições e atuação como referência nos segmentos das artes visuais, circo, dança, música, teatro e artes integradas.

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Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.