General descarta rumores de intervenção militar

Eduardo Dias da Costa afirmou que a população não quer o retorno do regime militar (Foto: Agência Brasil)

Por MÁRCIO DIDIER
Do Blog da Folha

Uma semana depois de afirmar que a “crise social” comprometeria a estabilidade do País e que, nesse caso, seria motivo de preocupação, “porque passaria a nos dizer respeito diretamente”, o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, afirmou ontem, no Recife, que houve uma distorção o que havia dito. A declaração provocou rumores de uma eventual intervenção militar, em caso de agravamento das crises política e econômica o País.

“Houve uma distorção do que eu disse. Estamos vivendo uma crise política, econômica e ética e esses aspectos estão inter-relacionados. O que nos preocupa é que com uma eventual demora na solução a crise, ela também acabe se transformando numa crise social, provocando desemprego. E porque nos preocupa, nos afeta? Uma crise social pode gerar problemas de segurança pública e o Exército ter que ser chamado a intervir”, afirmou general, durante entrevista no Comando Geral do Nordeste.

Com uma fala pausada, pesando as palavras, o gaúcho de Cruz Alta de 63 anos garante, no entanto, que uma eventual participação do Exército seria apenas para garantir a democracia e funcionamento das instituições. “Essa crise social pode trazer prejuízo para a estabilidade, que é importante para que as instituições sigam funcionando, trabalhando e cabe a elas, as instituições, em nome da sociedade, resolver os problemas que o País está passando”, argumenta.

O general Villas Bôas, que comanda 217 mil homens, lembra que o Exército já foi chamado a intervir, por exemplo, quando houve greve da Polícia Militar na Bahia. Ele acrescentou, ainda, que em 2013, durante os protestos de junho, não foi necessário a intervenção militar.

“Nos protestos de junho de 2013, o sistema de segurança pública funcionou perfeitamente. Houve problemas decorrentes de toda aquela turbulência. O Exército, apesar de preparado, pronto, não foi chamado a intervir.”

Sobre a declaração que provocou rumores sobre uma intervenção militar, ele fala com tranquilidade. Lembra que foi numa videoconferência para o Brasil inteiro, com os oficiais R2, da reserva, “pessoal que serviu antigamente e que são civis”.

“Eles têm uma associação nacional e pediram para a gente fazer uma videoconferência e foi feita. E houve quem interpretasse que o Exército estava convocando a reserva”, disse, com um riso no rosto.

Indagado sobre as viagens que faz pelo Brasil, afirma que faz parte do planejamento e que não tem qualquer relação com uma possível mobilização de tropas. “Absolutamente, não”.

Além disso, o comandante afirmou que a população não quer a volta do regime militar. “A nossa interpretação é que as pessoas não tão na essência pedindo a volta de governo militar. Acredito que estão reclamando, sim, são os valores que as instituições militares representam. A verdade é que o Brasil hoje tem instituições consolidadas, tem sistema de peso e contrapeso, que dispensa a sociedade ser tutelada. Então, essa é a postura do Exército.”

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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