Em entrevista ontem, dia (8), a primeira desde que fugiu do Japão para o Líbano, o ex-presidente do grupo Renault-Nissan Carlos Ghosn, acusou a empresa de “conluio” com a Procuradoria japonesa. Ele disse que é vítima de “perseguição política”.
“O conluio entre a Nissan e os procuradores é em todos os níveis”, afirmou o ex-executivo.
Quando perguntei aos meus advogados, disse Ghosn, eles disseram temer que uma decisão sobre o caso demorasse cinco anos no Japão.
Na entrevista em Beirute, o ex-presidente da Nissan sustentou que, após sua prisão, a valorização da empresa baixou em mais de US$ 10 bilhões: “Eles perderam mais de US$ 40 milhões por dia durante esse período.
Segundo Ghosn, a situação não vai bem para a Renault, porque a valorização baixou, desde a sua detenção, em mais de 5 bilhões de euros, “o que significa 20 milhões de euros por dia”.
O ex-executivo reafirmou que não fugiu da Justiça, “mas sim da injustiça e da perseguição política” em solo japonês. Acrescentou que não lhe restou “outra opção” além da fuga do Japão, onde é acusado de desfalques financeiros, o que considera sem fundamento.
“Eu nunca devia ter sido preso”, disse o ex-número um da fábrica de automóveis. “Não estou acima da lei e vejo com bons olhos a oportunidade para saber a verdade e ter o nome limpo”.
Carlos Ghosn foi detido no Japão em novembro de 2018. Encontrava-se em liberdade, sob fiança, desde 25 de abril do ano passado, mas sujeito a restrições de movimento e comunicação e proibido de abandonar o país asiático. Ele deveria ter sido julgado no Japão no mês da fuga.
Com tripla nacionalidade – libanesa, francesa e brasileira -, o ex-gestor agradeceu às autoridades do Líbano por, nas suas palavras, “não terem perdido a fé”.