Governo eleva para US$ 105,3 bi projeção de superávit comercial

A alta no preço das commodities (bens primários com cotação internacional) e a recuperação da demanda externa em diversas partes do mundo, principalmente na Ásia, fizeram o Ministério da Economia elevar de US$ 89,4 bilhões para US$ 105,3 bilhões a projeção de superávit comercial (exportações menos importações) em 2021. Caso a previsão se confirme, o saldo será o maior desde o início da série histórica, em 1989.

A estimativa está bastante superior à do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada toda semana pelo Banco Central (BC), a previsão para o superávit da balança comercial está em US$ 68,8 bilhões. O número, no entanto, pode ser revisto para cima nas próximas semanas.

Até agora, o recorde de superávit na balança comercial havia sido registrado em 2017, quando o país exportou US$ 56,04 bilhões a mais do que importou. No ano passado, marcado pela interrupção temporária de fluxos comerciais por causa da pandemia de covid-19, o superávit somou US$ 50,39 bilhões.

A cada três meses, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia atualiza as previsões para a balança comercial. Tanto as projeções para a exportação e importação subiram. A estimativa para as vendas externas em 2021 passou de US$ 266,6 bilhões para US$ 307,5 bilhões. Esse valor seria o maior da história. Até agora, o recorde de exportações havia sido registrado em 2011, com US$ 253,67 bilhões.

Em relação às importações, o país deverá comprar US$ 202,2 bilhões em 2021, contra previsão anterior de US$ 177,2 bilhões. Caso o montante se confirme, o valor seria o quinto maior da história, perdendo para os anos de 2011 a 2014. Pela nova metodologia do Ministério da Economia, o recorde anual de importações ocorreu em 2013, com US$ 241,5 bilhões comprados do exterior.

Melhoria

Subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão disse que a evolução do saldo comercial em 2021 decorre da valorização de commodities, principalmente minério de ferro e petróleo, e da recuperação econômica global em países que avançam no controle da pandemia de covid-19, com destaque para o mercado asiático.

“Os países asiáticos são os maiores destinos das exportações brasileiras. Já havia crescido em volume no ano passado, e houve aumento da demanda de outros parceiros comerciais como Estados Unidos, Argentina e União Europeia, que se somam à demanda aquecida da Ásia”, explicou Brandão.

No caso das importações, o aumento das compras do exterior é motivado pelo crescimento da economia brasileira, que se reflete na recuperação da indústria e da agricultura, que compram mais matérias-primas. “Demandamos mais insumos e matérias primas, o Brasil tem produção agrícola crescente que requer a importação de adubos, fertilizantes, a indústria de eletroeletrônicos demanda componentes importados”, destacou.

No primeiro semestre, o Brasil exportou US$ 37,496 bilhões a mais do que importou, o melhor resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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