Homenageadas da Mostra de Cinema Poesia na Tela

A mostra de cinema Poesia na Tela, que será realizada em Tabira, no sertão de Pernambuco, de 22 a 26 de outubro de 2018, fará homenagens a duas artistas que dedicaram sua vida ao cinema e à poesia. Katia Mesel é cineasta premiada, fará uma aula especial e vai assistir, junto com o púbico, a dois filmes que serão exibidos no evento. Carmem Pedrosa, poetisa, nasceu na Zona Rural de Tabira e registrou sua história no mundo literário ao publicar o livro Vitória Régia. Ela terá uma homenagem póstuma.

A programação conta, ainda, com oficinas gratuitas, exibição de filmes em escola pública e praças de Tabira, debates e apresentações musicais. O Poesia na Tela está na quarta edição e tem como proposta exibir filmes inspirados em poesias e filmes sobre histórias e vidas de poetas.

As homenagens começam na quarta-feira (24.10). Carmem Pedrosa, poetisa tabirense, receberá homenagem póstuma. Será exibido, à noite em praça pública, o curta metragem “O globo ativo”, dirigido por Zé Ivan Dias, que rememora a história da poetisa através de entrevistas. Na sexta-feira (26.10) a diretora de cinema Kátia Mesel apresentará uma Master Class com tema “Documentário – um certo olhar sobre o real” às 9h na Câmara de Vereadores. À noite, ela acompanhará a exibição de dois curtas “Recife de fora pra dentro” (1997), “A gira” (2012), em praça pública.

ARTISTAS

Kátia Mesel estudou arquitetura e artes gráficas na UFPE. Começou a filmar ainda estudando arquitetura e durante as décadas de 70 e 80 realizou cerca de vinte documentários, registrando aspectos da cultura popular pernambucana/nordestina, tema recorrente na sua obra. Em 1978 produz “Banguê”, seu primeiro super-8 sonoro. Em 1980 abriu a produtora Arrecife Produções Cinematográficas para se dedicar ao cinema e vídeo profissionais e à produção de comerciais. Nesta década produziu cinco curtas-metragens em 35mm, entre eles “Oh de casa”, sobre Gilberto Freyre. Entre 1990 e 1999, dirigiu mais de 200 vídeos sobre a cultura de Pernambuco. O mais premiado é o curta-metragem “Recife de Dentro pra Fora” (1997), baseado em um poema de João Cabral de Melo Neto e que conquistou 26 prêmios em festivais nacionais e internacionais, entre eles, o prêmio de melhor fotografia no Festival de Gramado e o de melhor documentário no Festival Internacional de Curta Metragem de Bilbao, na Espanha. Em 2000, Kátia Mesel foi assistente de direção de Nelson Pereira dos Santos em “Casa Grande e Senzala”. Em 2011 estreou seu primeiro longa-metragem, “O Rochedo e a Estrela”, documentário sob ótica dos cristãos novos que chegaram ao estado fugindo da Inquisição. “Parto sim!”, seu mais recente curta metragem, filmado em julho desse ano. Sobre o curta, ela declarou: “Estou pensando na alegria de ter terminado as gravações do curta PARTO SIM!, sobre as grávidas de Fernando de Noronha, que são obrigadas a vir dar à luz em Recife, dentro do cronograma previsto. Isso foi graças a uma equipe de profissionais afiados e cheios de garra que me ajudaram a superar a negativa machista da Administração do arquipélago, onde ia ser filmado.”

Carmem Pedrosa nasceu Maria do Carmo Pedrosa da Silva, no sítio Poço Redondo em Tabira, Sertão do Pajeú pernambucano. Era filha de casal de agricultores e teve nove irmãos. Carmem era descendente de uma família bastante conhecida na região, os Pedrosa, os quais carregam uma particularidade em sua genética: negros dos olhos azul-esverdeados. A família conta que o acesso à arte foi através das cantorias de viola. A passagem do astro do repente Zé Limeira, o “Poeta do Absurdo”, por Poço Redondo teria despertado a veia poética, porque o dom já era familiar. Os irmãos Manoel e João que “tiravam uns repentes” na viola, chamavam a atenção na vizinhança. Ela se mudou para Recife, onde trabalhou como enfermeira no Hospital das Clínicas até a aposentadoria. De volta à Tabira, onde foi dona de pensões, Carmem tinha um mandamento: cantador de viola não paga! No Hotel Pedrosa de Tabira tinha na parede a pintura de duas violas cruzadas com a frase: “Encontro com a Poesia”. Em 1983, publicou o livro Vitória Régia, sua única obra poética documentada. Nele, dedica suas rimas ao Sertão, à natureza, aos poetas, à terra natal, familiares, amor. Carmen morreu em três de outubro de 1997.

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