Os tempos mudaram, assim como os relacionamentos. Embora hoje as pessoas se casem por amor, a renda também faz parte da decisão de se casar. E se a renda for a mesma ou muito parecida, a chance do casamento dar certo é bem maior e o risco de separação diminui. Essa foi a conclusão de um estudo da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, que acaba de ser divulgada.
Segundo o estudo, a igualdade de renda parece oferecer aos casais mais estabilidade e reflete a crescente divisão socioeconômica na vida familiar. A pesquisa deixou claro que os recursos combinados do casal são muito importantes para a satisfação conjugal.
Para a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, a pesquisa internacional corrobora com estudos feitos por sociólogos e economistas no Brasil e na América Latina, que mostram a crescente tendência de escolher parceiros (as) com características socioeconômicas semelhantes. “Esse fenômeno social é chamado de casamento seletivo. Hoje, as pessoas realmente procuram escolher parceiros (as) que tenham o mesmo nível de educação, de cultura e de renda para se casar”.
Marina comenta que para um relacionamento funcionar é realmente preciso ter mais semelhanças do que diferenças. “Isso não quer dizer que o amor não possa surgir entre pessoas com renda, gostos e nível educacional diferentes. Mas, com o passar do tempo, pode ser que essas diferenças comecem a pesar na dinâmica do casal e diminuir a satisfação com o relacionamento”.
As regras do jogo
A realidade hoje é muito diferente do que era há 20, 30 anos. “Normalmente, a mulher não trabalhava, se dedicava aos filhos, ao lar. Hoje, vivemos em um mundo completamente diferente. A maioria das mulheres trabalha e temos muitos lares em que elas são responsáveis pela renda da família, seja por parte dela ou pelo total”, diz a psicóloga Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal.
Para Denise, os casais, na maioria dos casos, desejam prosperar, crescer profissionalmente e, consequentemente, querem ter uma renda similar. “Essa igualdade econômica promove uma maior harmonia, reduz a chance desse casal brigar, já que ambos contribuem da mesma forma, têm os mesmos interesses e projetos em comum. Por isso, podemos dizer que ao contrário da crença popular, os opostos não se atraem, o que atraí mesmo são as características em comum e nisso está incluída a renda”, diz Denise.
Outro ponto importante é que a igualdade na renda elimina a dependência econômica e a disputa pelo poder. “Dinheiro é sinônimo de poder, então quem ganha mais, teoricamente, pode mais no casamento. Entretanto, isso é ruim e não deve fazer parte de uma relação saudável. Assim, rendas parecidas ou iguais também reduzem ou zeram esses conflitos conjugais”, dizem Denise e Marina.
Para finalizar, as especialistas comentam que a relação que o casal estabelece com o dinheiro também é importante. “Precisamos lembrar que o dinheiro é importante, mas não é o mais relevante dentro de uma relação. O dinheiro jamais será a base de um relacionamento verdadeiro. O aspecto econômico oferece conforto, ajuda a conquistar sonhos, mas somente um vínculo afetivo sólido dará a base para tais conquistas”
“A dica é priorizar o que é mais importante, ou seja, as pessoas, o amor, a amizade e a parceria. O dinheiro vai e vem. A família construída por um casal deixará um legado, lembranças e experiências que jamais serão apagadas da história deste casal”, concluem Denise e Marina.