A inadimplência do consumidor avançou 1,2% em janeiro na comparação com dezembro, já descontados os efeitos sazonais, de acordo com dados nacionais da Boa Vista. Em relação a janeiro do ano passado, o indicador subiu 1%. Com isto, ele acumula queda de 2% no acumulado 12 meses (fevereiro de 2019 até janeiro de 2020 frente aos 12 meses anteriores).
Regionalmente, na análise acumulada em 12 meses, todas as regiões registram queda: Centro-Oeste (-3,2%), Norte (-0,9%), Nordeste (-2%), Sul (-4,4%) e Sudeste (-1,2%). Na comparação mensal, apenas a região Sudeste apresentou queda ao variar -0,3%.
A queda da inadimplência observada a partir do fim de 2016 pode ser explicada pela maior cautela das famílias, pela capacidade de endividamento dos consumidores ainda limitada pelo fraco crescimento da renda e pelo efeito defasado da maior seletividade dos bancos no período mais agudo da crise.
Com isto, a inadimplência dos consumidores atingiu um patamar historicamente baixo, o que proporcionou a redução dos juros e motivou o aumento das concessões a partir de 2017, o que, por sua vez, vêm resultando em um crescimento significativo do endividamento e do comprometimento nos últimos meses.
Os economistas da Boa Vista têm alertado que o elevado nível de desocupação e a subutilização da mão-de-obra, somados à lenta recuperação da renda, aumentam a possibilidade de que esta expansão recente dos empréstimos resulte em maior inadimplência nos próximos meses.
De fato, o resultado de janeiro parece ter seguido nesta direção e, além disso, outros dados de mercado mostram que a inadimplência tende a crescer mais entre os consumidores de menor renda, exatamente os mais afetados pela lenta recuperação do mercado de trabalho.
Por ora, passado o período mais intenso da crise e a melhora da expectativa referente ao ambiente econômico, o indicador demonstra sinais de que caminha para a estabilização após quatro anos consecutivos de queda nos registros.
Assim, a equipe econômica da Boa Vista volta a ressaltar que uma retomada mais vigorosa e generalizada do crédito aos consumidores, sem aumento dos riscos, segue condicionada, a curto prazo, à evolução do mercado de trabalho e do endividamento das famílias.