O ano de 2020 registrou, pela primeira vez em quatro anos, uma queda no total de brasileiros inadimplentes. O montante de negativados em dezembro de 2020 chegou a 61,4 milhões, 3,1% a menos com relação) ao mesmo mês do ano anterior. Este é o menor número desde junho de 2018, quando o total de brasileiros inadimplentes chegou a 61,2 milhões. Em abril de 2020, pouco depois do início da pandemia, 65,9 milhões de pessoas tinham contas vencidas e não pagas no país, o que representava 41,8% do total de brasileiros acima de 18 anos. Já no último mês do ano, 38,6% da população adulta estavam inadimplentes.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, comenta que 2020 trouxe uma série de desafios, mas também ajudas relevantes para a população. “No início da pandemia, tivemos um pico na inadimplência graças às dificuldades econômicas que o país enfrentava, agravadas pelas incertezas do que poderia acontecer com a paralização dos setores da economia. Porém, os pagamentos do auxílio emergencial, a manutenção da baixa taxa de juros e mais facilidade para renegociação explicam por que, mesmo numa crise sem precedentes que o Brasil continua vivendo, a inadimplência caiu”.
Dívidas no setor financeiro puxaram a queda, atingindo a menor participação histórica
A queda de 12,2% no total dos compromissos vencidos e não pagos junto aos bancos, financeiras e cartões, fez com que a representatividade destas no setor financeiro registrasse a menor participação da série histórica iniciada em 2018, ficando em 35,7% em dezembro/20. São consideradas as transações em aberto feitas em Bancos e Cartões (27,3%) e Financeiras (8,4%). Já o setor de Utilities (água, luz e gás) teve um aumento da representatividade, indo de 20,4% em dezembro/19 para 23,6% no último mês do ano passado. Também os setores de Telecom e o Varejo aumentaram suas participações no total das dívidas em atraso no ano passado.
Rabi comenta que isso se deu a uma priorização dos pagamentos. “Como o setor financeiro facilitou as negociações, ampliando os prazos de quitação, as pessoas endividadas optaram por priorizar estes compromissos ante os demais. Vemos um aumento em utilities, por exemplo, porque muitas concessionárias deixaram de cortar o serviço mesmo sem pagamentos durante a pandemia, fazendo que as pendências fossem jogadas para frente”. Os dados da Serasa Experian mostram ainda que o total de dívidas abertas por CPF caiu de 3,55 para 3,47 no fim do ano passado.