A bicicleta é capaz de trilhar grandes distâncias ocupando pouco espaço, além de ser uma forma barata de tirar as pessoas do sedentarismo e não agredir o meio ambiente. Em 2020, ela se tornou ainda mais importante – devido à necessidade de um transporte mais seguro em meio à pandemia, passou a ser recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma ótima forma de deslocamento, já que a exposição a Covid-19 é baixa. Mesmo com o aumento do uso de bicicletas, os grandes centros urbanos enfrentam vários desafios quando se fala em mobilidade urbana.
O debate sobre o uso da bicicleta como um meio de transporte está presente na esfera pública brasileira há alguns anos, com a implementação de ciclofaixas e ciclovias. Dentro deste contexto, o Dia Nacional do Ciclista, comemorado nesta quinta-feira (19), foi criado para prestar uma homenagem ao ciclista e biólogo Pedro Davison, que morreu em 19 de agosto de 2006 após ser atropelado por um automóvel no Eixo Rodoviário Sul, em Brasília, quando tinha apenas 25 anos. A data para o ciclista é também uma reivindicação por um espaço adequado e seguro. “O grande desafio é enfrentar a priorização dos veículos privados em detrimento dos transportes coletivos, ciclistas e pedestres. Os centros urbanos estão sobrecarregados com o grande número de carros que circulam diariamente. É necessário reverter essa lógica e inserir o pedestre, ciclistas e transporte público como prioritários”, afirma a urbanista e professora do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Sofia Mahmood.
A bicicleta sempre esteve presente nos centros urbanos, principalmente entre a população de baixa renda. A concorrência, injusta, entre ciclistas e veículos motorizados é antiga. Só entre 2010 e 2019, o número de atendimentos hospitalares a ciclistas atropelados cresceu 57%.
A urbanista ressalta que a priorização do pedestre, ciclista e transporte público, resulta em um bom funcionamento dos centros urbanos. “Gestão e o planejamento das cidades estão dando um pouco mais de visibilidade ao enfrentamento da questão mobilidade, uma vez que os centros estão sobrecarregados e precisamos de cidades mais sustentáveis. A inclusão do ciclista nas vias urbanas está sendo inserida aos poucos, através de ciclofaixas, ainda, fragmentadas”. Atualmente, o Recife possui 125,5 km de rede cicloviária, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, o que representa um aumento de 420% desde 2013, quando havia apenas 24 km.