O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mandou suspender as negociações do acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e de outros executivos da empresa. Segundo reportagem do jornal O Globo, a decisão foi motivada pelo vazamento de informações sobre o depoimento de Pinheiro, que citou o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli.
O vazamento foi divulgado pela revista Veja, na última sexta-feira (19) e irritou os investigadores envolvidos na Operação Lava Jato. Para o Ministério Público Federal, houve quebra da cláusula de confidencialidade do acordo firmado há duas semanas. Janot sustenta, de acordo com o jornal carioca, que a divulgação de informações envolvendo o ministro seria uma estratégia para fazer com que a PGR aceitasse o acordo de delação tal como era de interesse dos investigados.
Essa foi a primeira vez, desde o início da Operação Lava Jato, em 2014, que Janot solicitou a suspensão das negociações de uma delação premiada. As revelações de executivos da OAS e da Odebrecht são as mais aguardadas pelos investigadores, uma vez que as empresas detinham os maiores valores contratados junto à estatal.
Na prática, a decisão de Janot prejudica Léo Pinheiro, que já foi condenado a mais de 16 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro, por fraudes em contratos na Petrobras. A delação permitiria a redução da pena do empresário.
Intitulada “Empreiteira delata ministro do Supremo”, a matéria de capa da revista Veja diz que teve acesso ao capítulo da delação de Léo Pinheiro. Embora ainda não homologado, o depoimento já teve alguns trechos devassados na imprensa. Na primeira rodada de vazamentos, a delação atingiu o senador Aécio Neves (PSDB-MG), informando que o presidente nacional do PSDB exigia propina de 3% dos contratos firmados para realização de obras da Cidade Administrativa, gigantesco conjunto de prédios em Minas Gerais.
Nesta edição da revista, a reportagem diz que Pinheiro teria se comprometido a falar sobre uma conversa que manteve com Toffoli, na qual o ministro reclamou de uma e infiltração em sua residência. Em seguida, a OAS mandou engenheiros para analisar o problema e sugeriu uma empresa para efetuar o serviço. A revista confirma que a empresa indicada foi contratada e a conta foi paga por Toffoli. Em nota, a assessoria do ministro defendeu: “O ministro conhece o sr. José Adelmário Pinheiro Filho, mas não tem relação de intimidade com ele, não tendo pedido ou recebido nenhum tipo de ajuda da referida pessoa”, diz o texto.