Em reportagem exibida no Fantástico, da Rede Globo, novas denúncias acusam o médium de ter mandado matar diversas pessoas e, com suas próprias mãos, ter dado três tiros em uma adolescente após tê-la abusado. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press |
Novas denúncias contra João de Teixeira Faria, conhecido como João de Deus, incluindo a participação em assassinato e tráfico de drogas e material nuclear, foram divulgadas neste domingo (24/3) pelo Fantástico, da Rede Globo. Segundo o programa, o médium de 77 anos, teria mandado matar diversas pessoas e, com suas próprias mãos, dado três tiros em uma adolescente após tê-la abusado.
O caso é um dos mais antigos contra João de Deus. Em 1973, uma jovem acompanhava a tia que estava doente e procurava por cura. Ela foi levada por João de Deus a um riacho próximo, onde foi estuprada. Segundo o depoimento dado ao fantástico em anonimato 46 anos depois do acontecido, a vítima informou que, após ser estuprada, foi atingida na cabeça e começou a sangrar. Depois, ele teria entrado em desespero com o sangue que escorria das pernas e da cabeça da jovem e, supostamente, desferiu três tiros na cabeça da vítima. Por fim, ele teria a jogado no riacho.
“Ele não é um homem de deus”, disse a vítima. Com sorte, ela foi encontrada por um pescador que percebeu que ela ainda estava viva. Ele chamou um carro na estrada mais próxima para levá-la para o hospital. Após o desaparecimento da vítima, João teria dito à tia da jovem que ela havia fugido para escapar de um casamento arranjado. Como o caso é antigo, as denúncias feitas não tiveram sucesso. O caso prescreveu. A vítima se mudou para o nordeste para tentar superar o trauma, o que ela confessou ter falhado.
A reportagem também apontou que João de Deus era suspeito de ter mandado matar um taxista que estaria mantendo relacionamentos com a ex-mulher do médium. A investigação não teve conclusão e João de Deus não foi responsabilizado pela suspeita do crime.
Além disso, o curandeiro também estaria envolvido em tráfico de material nuclear. Foram encontrados com o médim 300 quilos de autunita – minério que, ao passar por um complexo processo, se torna material nuclear. Ele escondia o material em uma chácara em Abadiânia. Interceptado pela polícia em um carro em que carregava o material, João de Deus afirmou não saber que tipo de minério era aquele. A pena para tráfico deste tipo de material pode chegar até seis anos. Ele não foi condenado pelo crime.
A lista de crimes não para. Investigações antigas ligaram João de Deus a traficantes locais e a delegados que, supostamente, o ajudavam a cometer crimes e a “limpar a barra” do médium na justiça. Éder Ferreira Martins, um dos delegados, teria recebido propina de João de Deus para tratar um suposto câncer de um sobrinho, segundo o Ministério Público. Segunda a defesa dele, ele foi absolvido desses crimes por não haverem provas suficientes. Ao fantástico, Éder afirmou nunca ter pedido ajuda financeira para o médium.