José Queiroz tenta reaproximação com Tony Gel

Wagner Gil

Tem um velho ditado na política que diz: ‘nunca diga não’ ou ‘jamais me unirei a ele’, quando se refere a um adversário. Essa máxima passa a valer para o ex-prefeito José Queiroz (PDT), que esta semana tentou uma aproximação com o colega da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e ex-adversário ferrenho, Tony Gel (MDB). “Se eu tivesse a maturidade e experiência que tenho hoje, não teria brigado tanto tempo com o deputado Tony Gel. Falo dos embates políticos que tivemos na vida. O tempo nos ensina muita coisa”, afirmou.

O gesto do pedetista é um claro sinal que ele tenta uma união para derrubar a prefeita Raquel Lyra (PSDB) do comando do Palácio Jaime Nejaim, nas eleições do ano que vem. Em 2016, o candidato do prefeito, o então vice Jorge Gomes (PSB), ficou em quarto lugar e não foi, sequer, para o segundo turno, tornando-se uma decepção para o grupo político liderado pelo ex-prefeito José Queiroz.

Agora ele tenta realinhar as forças, já que o distanciamento com o grupo Lyra ‘parece’ não ter volta por enquanto. Queiroz chegou a prestigiar o deputado Tony Gel quando ele dava uma entrevista na Rádio Cultura, no ano passado. Os dois são aliados do governador Paulo Câmara, que tenta montar um palanque com os dois juntos. Durante um evento do Governo do Estado, em 2018, Gel e Queiroz ficaram lado a lado e, em alguns momentos, conversaram ao pé do ouvido, soltando gargalhadas.

O problema de unir os dois grupos é que o eleitorado deles sempre esteve em campos opostos, com Tony Gel mais à direita e Queiroz militando no campo de centro-esquerda. “As eleições de 2016 foram vergonhosas para José Queiroz. Ele, que gabava-se de alta aprovação, não conseguiu levar seu candidato – com apoio do governador Paulo Câmara (PSB) – para o segundo turno. Agora ele está com raiva. Quer tirar Raquel de todo jeito da prefeitura e eu não sei se o eleitorado dele e de Tony Gel vai aceitar essa ‘união’ de conivências”, disse o analista político Arnaldo Dantas.

RAIVA, VINGANÇA E AMEAÇAS

Raiva e vingança pela derrota nas eleições municipais estão também cravadas no coração da família Queiroz. Logo após a sua reeleição para a Câmara dos Deputados, Wolney foi a uma emissora de rádio provocar a prefeita Raquel Lyra. “Vou mostrar a ela com quantos paus se faz uma oposição”, disse o deputado, numa ‘ameaça’ que foi entendida que poderia ser concretizada na eleição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores.

O candidato da oposição, o vereador Leonardo Chaves, que teve o apoio de Wolney e de edis ligados a Tony Gel, perdeu a presidência da Mesa Diretora com uma margem considerável de diferença. O eleito foi Lula Torres, aliado de Raquel e do mesmo partido da prefeita, o PSDB.

“Outro fator que chama a atenção são as entrevistas do ex-prefeito chamando Raquel de ‘fraquinha’. Isso é falta de respeito e uma agressão às mulheres”, pontuou o analista político João Américo. “A crítica tem que ser no campo das ideias, não pessoal”, afirmou..

Apesar das investidas de José Queiroz para se aproximar de Tony Gel, o emedebista tem procurado se resguardar. Tony não deu respostas à aproximação de Queiroz. “Tony tenta se resguardar porque ele entende que o eleitorado de Queiroz e o dele são distintos”, avaliou Arnaldo Dantas. “A participação do governador Paulo Câmara será fundamental nessa possível aliança. Mas isso não é indicativo de vitória. Há dois anos estavam todos contra Raquel, inclusive o então prefeito José Queiroz e os demais candidatos”, completou.

Nossa reportagem tentou ouvir os dois deputados, mas eles não retornaram as ligações.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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