Caruaru é uma referência nos serviços de quimioterapia e radioterapia para todo o Nordeste. Por isso, pessoas de diversas cidades precisam atravessar longas distâncias para serem atendidas no Centro de Oncologia de Caruaru (CEOC) e no Hospital Santa Águeda, os únicos que ofertam os dois tratamentos simultaneamente. Ao todo, as unidades já realizaram mais de 30 mil atendimentos.
Uma das pacientes do serviço é Agda Siqueira, que mora em Poço do Boi, na zona rural de Ibimirim. Às segundas-feiras, ela sai de casa às 2h30 acompanhada da filha para percorrer os 248km até Caruaru. Durante a semana, as duas ficam hospedadas no Lar da Esperança, um abrigo voltado para pessoas em tratamento oncológico, que oferece acomodações, refeições e transporte de forma gratuita.
O espaço funciona em parceria com o CEOC e o Hospital Santa Águeda e acolhe pacientes encaminhados pelas equipes médicas. “Esse tratamento é muito doloroso, então a gente tem que dar muito amor, tem que ter muita paciência. A gente tenta fazer um planejamento para minimizar esse sofrimento. Temos, inclusive, um voluntário que é psicólogo e fica sempre conversando com os pacientes. E ter a possibilidade de ser ouvido já é muito importante para quem está nessa situação”, explica Soraya Lucena, que administra a instituição.
Atualmente, a casa disponibiliza 38 vagas, sendo 23 para mulheres e 15 para homens, e é, em muitos casos, um fator decisivo para possibilitar a realização do tratamento. “Se não fosse o Lar da Esperança, talvez eu não conseguisse fazer tratamento. Eu não tinha condições. Não tinha como ir e voltar todo dia e, muito menos, de alugar um local aqui”, relata Maria José da Silva, que mora em Arcoverde.
Apesar disso, é inevitável que o distanciamento de casa traga inseguranças, preocupações e um desgaste físico e emocional. Ao longo da semana, os pacientes deixam filhos, pais e outros parentes nas cidades onde moram para que consigam concluir todo o tratamento.
Esse é o caso de José Pereira, que mora em Lajedo, e precisou fazer 32 sessões de radioterapia. “É muito difícil porque eu tenho que deixar a minha mãe em casa a semana toda, então a gente se preocupa muito. Mesmo tendo gente pra cuidar, ela se preocupa comigo e eu me preocupo com ela. Mas esse lugar é uma benção, a gente se sente em casa”, afirma.
Para amenizar essas dificuldades, o CEOC e o Hospital Santa Águeda têm investido em avanços tecnológicos que possam diminuir a duração do tratamento. No último mês, a máquina de radioterapia foi atualizada por meio da instalação de um MLC (abreviação para o termo em inglês Multileaf Collimator), responsável por aumentar a precisão da aplicação da radiação.
Com a novidade, o serviço se tornou ainda mais rápido e eficiente, diminuindo o tempo de sessões necessárias para cada tratamento e, consequentemente, beneficiando todos os pacientes que precisam se deslocar de outras cidades. “Estamos muito satisfeitos porque estamos oferecendo aos nossos pacientes o que há de melhor. A visão do CEOC é sempre a vida dos nossos pacientes e isso nós estamos cada dia tentando mais e chegando lá com a aquisição desse upgrade da máquina”, comemora o diretor médico da instituição, Carlos Laerson Soares.