Wagner Gil
Nem bem foram encerradas as eleições gerais deste ano, que definiram presidente, senadores, governadores e deputados estaduais e federais, a cidade passou a respirar os ares do embate municipal que acontece daqui a dois anos, quando será escolhido o substituto do prefeito José Queiroz (PDT). Mas, antes, tem uma eleição muito importante e fundamental para o pleito de 2016: a escolha da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores.
Até agora, três nomes surgiram na mídia: o atual presidente Leonardo Chaves (PSD); o 1º secretário Gilberto de Dora (PSB); e Lula Tôrres (PR). Desses, um já descartou que esteja se articulando, embora admita que cada vereador tem esse direito. “Hoje são 23 candidatos que têm esse direito, mas não estou me articulando para isso. Não adianta se o palácio (Jaime Nejaim) não quer e não tem interesse”, disse o socialista Gilberto de Dora.
Lula Tôrres já chegou a ensaiar candidatura em 2009, mas foi convencido pelo prefeito a retirar seu nome da disputa e apoiar Chaves, seu desafeto por causa de alguns redutos eleitorais. Em relação a disputa deste ano, ele afirmou que não está se articulando e que seu nome surgiu na mídia, através de boatos sem fundamentos. ” Não sou candidato. Não estou me articulando e não vou me envolver nisso”, disse Tôrres.
Quem tem mais chances e deve ser reconduzido ao cargo é mesmo o atual presidente. Ele está em seu décimo mandato como vereador e em sua sétima passagem pela presidência do Legislativo. Leonardo Chaves já foi aliado dos últimos prefeitos e sua permanência na presidência é sinônimo de governabilidade para o chefe do Executivo Municipal.
No entanto, a eleição da Mesa Diretora sempre causa grandes surpresas, como foi a eleição de Neguinho Teixeira (derrotou o próprio Leonardo, que era o candidato de Tony Gel), em 2006, e a eleição de Lícius Cavalcanti (PCdoB), em 2010, derrotando também Chaves, que era o candidato do governo de José Queiroz, depois de algumas mudanças de nomes.
“Aqui na Câmara, quem decide são os vereadores e, às vezes, o prefeito indica, mas, se não for consenso, ele sai derrotado”, disse um vereador, que está em seu terceiro mandato. “Nessa eleição, acredito que não haverá surpresas. O nome mais forte é o de Leonardo mesmo”, completou.
Experiente, o vereador do PSD sabe a hora exata de colocar projetos polêmicos em votação e não prejudicar os interesses do Executivo. Um dos exemplos foi o projeto do PCC da educação, que foi votado em 31 de janeiro de 2013, quando na pauta estava apenas a adequação do salário mínimo. Esse fato causou um certo desgaste ao Legislativo, mas era fundamental sua aprovação para que as contas da prefeitura ficassem de acordo com o que desejava o prefeito. Outro fato que pesa a favor dele é a experiência. Das sete vezes em que foi presidente, Leonardo teve suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado.
Mesmo sendo o candidato da base do prefeito José Queiroz, Chaves tem grandes chances de se eleger porque conta com a maioria dos votos dos vereadores que fazem oposição ao Governo, principalmente os dez que estão envolvidos nas operações Ponto Final I e II. Durante a realização dessas operações, quando parlamentares foram presos e afastados, o atual presidente manteve uma postura de independência do poder e agiu com coerência nas nomeações de assessores e demissões de outros. A última decisão de afastamento determinada pela Justiça só ocorreu quase 30 dias depois e esse fato agradou os cinco que estavam envolvidos. “Nesse momento não vejo um nome melhor”, disse Sivaldo Oliveira (PP), um dos dez que estão respondendo processo na Ponto Final I.
Sivaldo, que era da base governista antes da deflagração das operações, agora é da oposição ao governo. Ele havia conversado com o Jornal VANGUARDA que a ideia dos dez edis é atuar em bloco. “Isso não quer dizer que vamos votar contra os projetos interessantes para a cidade, pelo contrário, o que for realmente importante aprovaremos sem dificuldades. Mas que estamos no mesmo bloco, estamos”, completou o progressista.
Chaves também conversou com o blog. “Não posso ser candidato de mim mesmo. Se a maioria dos vereadores decidir pela minha candidatura, poderei ser candidato. Por enquanto, estamos aguardando os acontecimentos e ouvindo as conversas entre os vereadores.”
Sobre o seu trabalho como presidente pela sétima vez, Chaves avaliou-o como positivo. “Pegamos uma Casa devastada, sem nenhuma condição para se trabalhar, além de muitas dificuldades. Porém, podemos dizer que conseguimos cumprir com aquilo que determina o regimento interno da Casa e a Lei Orgânica do Município. A própria sociedade está reconhecendo o nosso bom trabalho.”
Eleitor declarado de Leonardo Chaves, Rozael do Divinópolis, do Pros, apontou o motivo pelo qual é favorável a sua reeleição. “A Câmara passou por vários momentos difíceis, em 2013 e 2014, e o nosso atual presidente soube administrá-los com competência. Acredito que Leonardo é o nome certo para continuar à frente da Casa Jornalista José Carlos Florêncio”, declarou o parlamentar.