Anunciado nessa quinta-feira (17/12), o cancelamento do Carnaval 2021 em Pernambuco devido ao recrudescimento da covid-19 sinaliza para o agravamento da situação de setores econômicos que já vinham sendo afetados pela pandemia.
É o caso da indústria de eventos, que chegou a passar cinco meses paralisada durante a fase mais crítica de transmissão do coronavírus, o que gerou uma onda de falências no setor, resultando em milhares de postos de trabalho fechados. A atividade voltou a operar no 2º semestre, mas sob diversas restrições, ampliadas nesse momento de risco de uma 2ª onda da covid-19.
“Com a proibição de todas as festas de Natal, Ano Novo e principalmente o Carnaval – que representa dois a três meses de atividades – o setor voltou para a UTI. O maior prejuízo vem do cancelamento do Carnaval, que representa entre 60% e 70% de todo o faturamento anual no nicho de eventos culturais”, contabiliza a empresária Tatiana Marques, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos em Pernambuco (ABEOC-PE), entidade que integra o Movimento Pró-Pernambuco (MPP).
Já Carlos Periquito, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABHI-PE) – entidade que também faz parte do MPP – destaca os efeitos negativos da medida, mas avalia que “não adianta chorar o leite derramado”, considerando a instabilidade gerada pela pandemia em atividades como o turismo.
Ele defende que, diante do cancelamento, o Governo Estadual deveria destinar para a promoção turística do Estado as verbas públicas que seriam investidas no Carnaval, com o objetivo de incrementar o fluxo de turistas ao longo do ano, o que reduziria o impacto da não realização do maior evento de Pernambuco.
“Vários Estados no Brasil já estão adotando essa estratégia para tentar reverter os efeitos da pandemia na indústria do turismo. No Nordeste, temos exemplos como o da Paraíba e Alagoas, que lançaram campanhas recentemente”, afirma.
*Bares e restaurantes*
Nesta quinta-feira, o Governo de Pernambuco também anunciou novas medidas restritivas para os estabelecimentos de alimentação fora de casa. A partir do próximo sábado (19/12), além de limitar a capacidade a 70%, bares e restaurantes deverão cumprir um teto de lotação, não ultrapassando o total de 300 pessoas.
Para o presidente da Abrasel-PE, André Araújo, as medidas visam atingir casas de eventos que conseguiram alvará para funcionar como bares e restaurantes e que vinham extrapolando o limite permitido. “Até porque, mesmo operando com 70% de sua capacidade, os estabelecimentos que são de fato bares e restaurantes, em sua absoluta maioria, têm menos de 300 lugares”, diz.
Segundo ele, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach – que recebeu várias denúncias sobre irregularidades desse tipo – buscou dialogar com o setor e explicar a situação antes do anúncio da medida.