A polícia de Londres anunciou que vai começar a usar o sistema de reconhecimento facial para identificar criminosos nas ruas da cidade. A decisão surge no momento em que se debate o uso desse tipo de tecnologia.
O comissário responsável pela supervisão do sistema, Nick Ephgrave, declarou que as câmeras ficarão em áreas onde pesquisas indicaram ser as mais perigosas e onde há maior probabilidade de localizar suspeitos. Para isso vão existir listas de procurados, compostas por fotografias, que o sistema vai tentar localizar.
O objetivo do uso dessa tecnologia “não é a substituição do tradicional policiamento. O sistema vai dar alertas, informando as autoridades da possibilidade de alguém ser procurado pela polícia. Dessa forma, a decisão de intervir será sempre humana”.
Ephgrave afirma que a utilização do sistema é “importante e essencial para ajudar a combater a violência”.
O comissário acrescenta que “as forças policiais modernas têm o dever de usar as novas tecnologias para ajudar a manter as populações seguras”, cita o jornal espanhol El Pais.
A polícia de Londres garante que a tecnologia foi largamente testada, já está funcionando no setor privado e que seu uso será feito de forma totalmente transparente.
A localização das câmeras será sinalizada, e os moradores das ruas onde o sistema vai ser instalado serão notificados. Os televisores serão de circuito fechado e não ficarão ligados aos que existem nas estradas ou em áreas públicas.
Todas as imagens que não motivem um alerta de potencial suspeito serão, segundo a polícia, “imediatamente apagadas”.
A diretora do Big Brother Watch, Ailkie Carlo, afirma que “essa decisão representa norme expansão do estado de vigilância e uma séria ameaça às liberdades civis no Reino Unido”.
“A tecnologia de reconhecimento facial dá ao Estado um poder sem precedentes para rastrear e monitorar qualquer um de nós, destruindo a nossa privacidade e liberdade de expressão”, declarou a diretora de Defesa do National Council for Civil Liberties, Clare Collier.
A decisão de implementar esse tipo de tecnologia surge no momento em que ocorre um grande debate global sobre o uso do sistema de reconhecimento facial no mundo.
A Comissão Europeia avalia a proibição do uso de reconhecimento facial em áreas públicas, nos próximos cinco anos, para dar tempo às autoridades de criarem uma legislação capaz de evitar abusos da tecnologia.
Nos Estados Unidos, o governo anunciou, no início do ano, diretrizes sobre a tecnologia de inteligência artificial, para que houvesse um limite do alcance excessivo das autoridades.
Algumas cidades norte-americanas, como San Francisco e Oakland, decidiram que os riscos do sistema superam os benefícios e proibiram o uso pelos departamentos policiais.
A China é um dos principais defensores da tecnologia. O governo chinês começou a implantar o reconhecimento facial nas farmácias para pessoas que compram um determinado tipo de medicamentos, como aqueles que incluem substâncias psicotrópicas. Os cidadãos vão ter a sua identidade verificada pelo rosto.