Loteiros precisam se adequar à nova lei

O principal motivo foi o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro este mês

Wagner Gil

Uma medida do presidente da República, Jair Bolsonaro, fez com que motoristas de transportes alternativos – principalmente lotações – paralisassem as principais BRs que cortam o Polo de Confecções do Agreste. O fato ocorreu na manhã da última segunda-feira (22), causando quilômetros de congestionamento e fazendo o movimento da Feira da Sulanca despencar na Capital do Agreste.

O principal motivo do protesto foi a publicação da Lei nº 13.855, em 8 de julho deste ano, que altera o Código de Trânsito Brasileiro. De acordo com a nova matéria, a atividade do transporte escolar e do transporte remunerado não autorizado (que inclui as vans e lotações de transporte alternativo) passa a ser uma infração gravíssima. Anteriormente, era média. A lei entra em vigor no dia 8 de outubro, a exatos nove dia de sua promulgação.

O protesto teve início por volta das 7h, na BR-104, nas proximidades de Terra Vermelha, entre Caruaru e Agrestina. A Polícia Rodoviária Federal só conseguiu liberar a estrada cerca de duas horas depois, fato que prejudicou de forma considerável o movimento na Feira da Sulanca de Caruaru. “Muitos compradores não conseguiram chegar. O movimento que não já é bom nessa época, por conta da chuva e do frio, despencou”, lamentou Pedro Moura, presidente da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru.

Outro ponto de interdição na BR-104 ocorreu nas proximidades do Terminal Rodoviário de Caruaru e em Toritama. “Isso prejudicou ainda quem vende seus produtos e não pode levá-los. Muita gente não conseguiu chegar com suas mercadorias para vender”, afirmou Pedro Moura. “Praticamente não tivemos clientes após as oito horas quando melhora o movimento”, disse a comerciante Maria Vitória, que atua no setor da Brasilit, na Feira da Sulanca de Caruaru.

Sem muita coordenação, os motoristas só reclamavam da lei, mas poucos estavam regulares ou dispostos a falar com a imprensa. “Realmente é muito difícil essa situação. Às vezes para ser regular é tão caro, que não vale a pena. E muitas vezes não conseguimos regularizar nossa situação”, disse Cícero José, que faz a linha Brejo da Madre de Deus/Caruaru.

Ele reconhece a situação de irregularidade, mas desabafou: “Não tem emprego. Isso é um trabalho para ganhar o pão. O presidente Bolsonaro está tirando nossa feira ao aumentar o valor da infração”, completou o motorista.

Por sua vocação econômica e tornando-se a cada dia um polo mais forte na área de medicina e educação, Caruaru atrai hoje uma média de 1,8 milhão de pessoas de pelo menos 50 cidades interioranas. Em dias de Sulanca, só na feira, a média é de 60 mil a 80 mil pessoas circulando. “Em meses como dezembro e junho há um acréscimo significativo, chegando a dobrar esse público”, revelou Pedro Moura.

Na cidade, as vans e toyotas irregulares costumam fazer paradas em locais estratégicos na tentativa de driblar a fiscalização. As áreas mais frequentes são a Praça Pedro de Souza, em frente ao Supermercado RM Express; a Travessa Martins Júnior (próxima aos Correios); entorno da Belmiro Pereira (nas imediações do Tiro de Guerra); Avenida Rui Barbosa e na 13 de Maio. “Alguns ainda fazem paradas no Parque 18 de Maio. Isso é bastante comum aos sábados e em dias de Feira da Sulanca”, denunciou Pedro Lins, motorista que atua de forma regular e com o adesivo da Destra.

De acordo com o presidente da Destra, coronel Gilmar, a autarquia vem atuando para combater o transporte irregular. Ele lembra que o efetivo atualmente é pequeno, mas será reforçado com os agentes que passaram no concurso e estão concluindo o curso de formação.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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