“Eu não quero trocar o Levy. O ministro da Fazenda é um problema da presidente Dilma; se ela pedir opinião eu darei”, declarou o ex-presidente Lula em entrevista concedida ao jornalista Roberto D’Avila, nesta quarta-feira (18), e veiculada no canal Globo News. Lula negou estar pressionando a presidente Dilma Rousseff pela substituição do titular da Fazenda, Joaquim Levy, pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles – acusado de interferir na gestão da sucessora, o petista adotou uma política econômica diferente da defendida por Levy, com estímulo ao crédito e ao consumo, ao passo em que o ministro aposta em orçamentos robustos, com aumento de carga tributária e contenção de gastos.“O ex-presidente precisa ter muito cuidado para não dar palpite”, completou Lula, que tem participado ativamente de negociações para contornar a crise política enfrentada pelo governo. Apesar de admitir o “momento de dificuldade”, Lula se diz confiante em relação à continuidade do mandato de Dilma Rousseff. “FHC foi eleito em 98, em 99 o país quase quebra e ele tinha 8% de aprovação”, compara.
O ex-presidente falou sobre a crise política e de denúncias de corrupção na Petrobras, que colocou em evidência um amplo esquema de fraudes operado por meio de empreiteiras e políticos de partidos aliados. Por outro lado, Lula destacou os avanços sociais alcançados nos últimos 12 anos, durante a gestão do PT.
Sobre a crise econômica, Lula foi categórico: “A coisa mais importante é aprovar no Congresso as medidas do ajuste”, afirmou ao jornalista, acrescentando que o desafio do momento é “fazer os empresários voltar a investir outra vez”. “Quando você faz bilhões em desoneração, ninguém diz obrigado”, ironizou. O petista argumenta ainda que a crise foi provocada pelo sistema financeiro internacional, a exemplo do que aconteceu em 2008, quando classificou a turbulência financeira mundial como “marolinha”.
Apesar das investigações da Operação Lava Jato atingirem personagens emblemáticos do partido, Lula avalia que o legado do PT ainda é positivo. “Não escolhi nenhum procurador-geral ‘engavetador’. Eu escolhi aquele que a corporação indicou”, defendeu o ex-presidente, para quem chegou ao fim o “cerceamento à investigação nesse país”.