Congresso em Foco
O ex-presidente Lula saiu em defesa da presidenta Dilma Rousseff nesta sexta-feira (20) e, em evento realizado em um clube de Brasília, instigou militantes petistas a defender a gestão da sucessora. Constantemente ovacionado, Lula não só pediu apoio a Dilma como cobrou propostas para educação e geração de emprego e conclamou correligionários a “ajudar Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou”.
Em meio a gritos de “Fora Cunha” e “Fora Levy” Lula discursou no Congresso Nacional da Juventude do PT e falou das dificuldades de governar sem ter que costurar alianças. O petista afirmou que comandar o país sem os problemas da base de sustentação seria o “ideal”, mas acrescentou que entre o desejo ideológico partidário e o mundo real da política há uma distância enorme”.
“O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a Presidência da República, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém. Mas, muitas vezes, temos que aceitar o resultado e construir a governabilidade”, disse Lula, em meio a protestos pela saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Os militantes também pediam o rompimento do governo com o PMDB.
Insatisfeito com os rumos da política econômica adotada por Levy – concentrada em medidas de ajuste fiscal e baseada na contenção de despesas -, Lula é visto como o responsável pela articulação de bastidor que, entre outras providências, prevê a substituição do atual ministro pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
No entanto, em entrevista veiculada no canal Globo News na última quarta-feira (18), o petistanegou qualquer movimentação neste sentido, e disse que “o ministro da Fazenda é um problema da presidente Dilma; se ela pedir opinião eu darei”. Lula também tem adotado uma postura de afastamento em relação ao presidente da Câmara, diante da possibilidade de que Cunha autorize a abertura de processo de impeachment de Dilma, atribuição exclusiva da Presidência da Casa legislativa.
Em relação às denúncias de corrupção que atingiram personalidades importantes do partido, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, preso por suspeita de envolvimento na Operação Lava Jato, Lula disse que existe uma campanha patrocinada por setores da imprensa e da sociedade para fragilizar o partido. Para o ex-presidente, os militantes da sigla não podem permitir que “ladrão fique chamando petista de ladrão”.
“Quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia… Será que o Vaccari era burro e só ia no cofre sujo?”, alfinetou.
No transcorrer de sua fala, que durou pouco mais de meia hora, Lula foi interrompido por gritos de “Lula de novo, com a força do povo!”, que foram respondidos com pedidos de calma, para “não queimar nenhuma etapa”. “Não tem 2018 se a gente não tiver 2016″, completou.