Em sua primeira manifestação depois de preso, o ex-presidente Lula fez chegar à militância, nesta segunda-feira (16), um curto texto por meio do qual volta a desafiar autoridades da Operação Lava Jato – como o juiz federal Sérgio Moro, que o condenou à prisão – a provar os crimes que lhe são atribuídos. A pequena carta foi lida pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), em um ato no acampamento montado nos arredores da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba para pedir a libertação do petista (veja o vídeo abaixo).
“Continuo acreditando na Justiça e por isso estou tranquilo, mas indignado como todo inocente fica indignado quando é injustiçado”, diz o ex-presidente, preso desde o último dia 7 depois de vigília de mais de 48 horas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). O petista é réu em seis ações penais ativas e, nos próximos meses, poderá ter outras condenações criminais.
Antes de ler a carta, Gleisi disse que tem se comunicado com Lula por meio de bilhetes encaminhados por advogados com acesso ao ex-presidente. Segundo a senadora petista, o próprio Lula pediu à Justiça que ela, que também tem formação de advogada, seja incluída na lista de defensores com livre acesso à carceragem da PF. “Estamos esperando o Judiciário liberar”, resignou-se Gleisi.
A segunda-feira (16) foi um dia de mobilização para os apoiadores do ex-presidente. Pela manhã, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Brasil Sem Medo ocuparam o tríplex que, localizado em frente à praia de Asturias, no Guarujá, levou à condenação do petista a 12 anos e um mês de cadeia. Depois de algumas horas de ocupação, os manifestantes deixaram o imóvel.
“O tríplex foi desocupado, mas o recado ficou”, avisou o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência da República pelo Psol.
Em outra frente, um grupo de senadores conseguiu autorização judicial para vistoriar a carceragem da PF. Na decisão, a juíza substituta da 12ª Vara Federal de Curitiba, Carolina Moura Lebbos, faz menção aos termos da resolução que autoriza a diligência, aprovada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado na última quarta-feira (11), com o objetivo de examinar a situação do encarceramento do petista.