O pianista e maestro João Carlos Martins acaba de passar por sua 24ª cirurgia e inicia mais uma etapa de sua vida profissional, que acumula reconhecimento de público e crítica, no Brasil e no exterior.
Após um procedimento de secções de nervos do braço esquerdo, efetuado pela equipe médica do hospital Sírio-Libanês, chefiada pelo Doutor Rames Mattar, o maestro terá a mobilidade dos dedos desta mão bastante reduzida, suficiente apenas para movimentos corriqueiros, mas não para o piano. O objetivo é interromper um ciclo de dores crônicas que já dura 17 anos.
Cirurgias anteriores já haviam transformado a trajetória do pianista João Carlos Martins, que em algumas ocasiões chegou a comunicar o final de sua carreira como tal e conseguiu – com muita teimosia, segundo suas próprias palavras – vencer a “desobediência” dos seus dedos, ao mesmo tempo em que consolidava sua nova ocupação como maestro.
Sobre este novo tempo em sua carreira, o maestro gosta de citar uma conversa com Dave Brubeck, que aconteceu em 2012, onde ele diz ao colega que se lhe sobrar apenas um dedo polegar é com este que o pianista irá tocar. Todos nós temos certeza que esta cirurgia não afastará definitivamente João Carlos Martins das teclas do piano.
Ainda este ano o maestro cumpre agenda repleta de compromissos profissionais frente à Orquestra Filarmônica Bachiana SESI-SP e se coloca a frente da próxima missão: realizar o sonho do seu colega Heitor Villa-Lobos e “fechar” o Brasil numa rede de 1000 orquestras parceiras, gerando um desenho de coração no nosso mapa através da música, no projeto Orquestrando o Brasil.
Segundo o NYT, em matéria publicada em 2008, “O pianista e maestro brasileiro João Carlos Martins teve uma vida de reconhecimento, desafios, tenacidade e triunfos suficientes para preencher uma memória viva. À despeito de grande adversidade, mantém a música viva”.
João Carlos Martins segue firme em sua campanha pela democratização e popularização da música clássica através de suas atividades como maestro e dos programas desenvolvidos pela Fundação Bachiana.
“Ainda tenho muito para fazer pela música, independente do movimento dos meus dedos”, declara bem-humorado o maestro.