A campanha do senador Aécio Neves (PSDB) parece ter sentido o golpe depois da queda na pesquisa Datafolha. O tucano ocupou os seis primeiros minutos de seu programa eleitoral, na noite desta quarta-feira (22), para se queixar do “baixo nível” da campanha de Dilma Rousseff – que, segundo Aécio, vale-se de meios como fotos adulteradas e versões tendenciosas sobre fatos.
“Em uma covarde onda de calúnias, tentam jogar na lama um nome honrado”, reclama Aécio, tentando mostrar que está firme na disputa. “A campanha adversária tenta me desqualificar, do ponto de vista pessoal, de todas as formas. Mas eu não tenho medo do PT!”
O programa mostrou, pela primeira vez, Marina Silva dando um depoimento individual de apoio ao tucano – até então, a ex-presidenciável do PSB só havia aparecido no anúncio de adesão à campanha tucana, e em discurso para militantes. “Aécio assumiu publicamente fortes compromissos com o povo brasileiro”, disse a ex-ministra do Meio Ambiente, que também fez críticas aos “ataques” do PT à campanha do senador mineiro.
Ao final do programa, a campanha de Aécio voltou a veicular declaração de apoio de Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, morto em agosto.
Dilma lá
Já a campanha petista apostou no clima positivo para enfatizar a virada nas pesquisas Datafolha – já foram duas apenas nesta semana, ambas dando a Dilma 52% dos votos válidos, contra 48% de Aécio. Com essa atmosfera, há um momento em que o jingle “Lula lá” é adequado para a atualidade. “Há muito tempo uma campanha não mexia tanto com a mente e a vida da gente”, discursou o locutor da propaganda, com imagens de multidões em atos pró-Dilma.
Em seguida, a candidata à reeleição volta a defender os avanços sociais que disse ter promovido. Dilma voltou ao discurso de que “o que não está bom, vamos melhorar”, prometendo que irá aperfeiçoar programas bem sucedidos, em sua opinião – programas como Minha Casa, Minha Vida, Pronatec e Mais Médicos são enfatizados em cada propaganda como exemplos de êxito na gestão petista.
Em seguida, o clima de festejo é reforçado com Dilma e Lula em discursos inflamados sobre “os dois modelos de Brasil”. Em um dos eventos de campanha, ambos falam para artistas, acadêmicos, personalidades e profissionais de setores diversos sobre a importância da manutenção do governo Dilma, em detrimento da candidatura tucana.
“Nós temos de comparar esses dois projetos de Brasil”, diz a presidenta, no comício que o PT realizou nesta semana na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. No encerramento, a coligação foi punida com um minuto e meio de interrupção do programa, por “infração da lei eleitoral”.