Do Congresso em Foco
A cúpula do PSDB, principal partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, mudou o foco de seu discurso. Nos últimos dias, os tucanos têm falado mais sobre crise econômica e soluções para o país do que o impeachment da petista. Pesquisas internas da legenda e projeções do mercado financeiro levaram a crer que a imagem do partido estava desgastada e até mesmo os eleitores fieis estão insatisfeitos com a forma como se combateu o governo federal nos últimos meses. As informações são da Folha de S.Paulo.
As pesquisas revelaram que o debate sobre o afastamento da presidente tem levado a exaustão dos eleitores, que esperam propostas de soluções para o país. As projeções mostraram desgaste da classe política, além de revelar que os tucanos não tiveram benefício algum com a perda de popularidade do governo. Com o resultado obtido, o PSDB já adotou nova postura e começou a demonstrar apoio às medidas do ajuste fiscal propostos pela equipe econômica do Planalto.
“A crise é pior para Dilma e o PT, mas é ruim para todos nós”, disse, ao jornal, um deputado da sigla.
Nomes de peso dentro da sigla, como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador José Serra (SP), considerados da ala moderada, costumavam defender a mudança de comportamento.
“Acho bom que o PSDB deixe claro que a política do quanto pior melhor não corresponde à nossa formação e à nossa tradição, a despeito de votações anteriores, como na questão do fator previdenciário”, afirmou Serra.
A alteração criou desconforto entre os tucanos e outros partidos que fazem oposição a Dilma, como o PPS e o DEM. Líderes dos dois partidos oposicionistas disseram estar surpresos com a informação de que o PSDB decidiu aprovar a Desvinculação de Receitas da União (DRU), instituída no governo FHC. O mecanismo dá ao governo mais flexibilização para manejar o orçamento, o que interessa ao ajuste fiscal do governo.
“O DEM vai ser mais duro nesse debate”, disse o líder do partido na Câmara, Mendonça Filho (PE). “O PT vai ter que pedir desculpas ao Brasil. Eles entraram com uma ação contra a DRU no Supremo, quando ela foi criada.”