Mês das crianças: o impacto do uso de telas no desenvolvimento infantil

Além de ser um momento especial para presentear e incentivar ainda mais a diversão dos pequenos, o mês de outubro também é uma oportunidade para cuidar da saúde infantil. Para que seja garantido o crescimento pleno e saudável das crianças desde cedo, é importante que os pais repensem sempre as práticas diárias, principalmente, quando se trata do uso frequente de telas nessa fase. Um estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou que 24% das crianças menores de seis anos já fazem o uso de telas, o que, de acordo com a pediatra da Clínica Três Marias, Fabiana Rocha, representa um risco para o desenvolvimento. 

“A primeira infância é um período de rápido desenvolvimento cerebral, momento em que a criança adquire várias funções importantes para sua vida. O uso de telas nessa fase restringe os estímulos do ambiente, que são importantes para esse crescimento, além de manter a criança isolada do convívio com a família e amigos, o que afeta diretamente as interações sociais, funções cognitivas e afetivas”, ressalta. A pediatra explica que o uso de aparelhos eletrônicos também pode trazer prejuízos para a visão e causar alterações ortopédicas, como hipercifose e cervicalgia, que se caracterizam pela rigidez e um desvio postural na área do pescoço. 

Durante os dois primeiros anos da criança, o ideal é a não exposição a telas, já após essa idade, o uso deve ser restrito a poucas horas por dia e, principalmente, não deve atrapalhar os momentos de descanso, escola e lazer. Esse uso ainda resulta em um grande déficit de atenção e dificuldade de concentração no cotidiano, o que prejudica e muito o aprendizado. A especialista alerta, que para evitar este transtorno, os pais devem sempre priorizar momentos de interação em família. “O uso de telas deve ser restrito a momentos coletivos, em momento em que os pais possam interagir com a criança ouvindo músicas, cantando, assistindo filmes e dialogando, aproveitando esses recursos para ilustrar e educar para o futuro”, recomenda. 

Durante o dia a dia, priorizar brincadeiras, conversas, contação de histórias e engajamento dos filhos em momentos de alimentação e tarefas domésticas pode tornar a rotina mais dinâmica e diminuir os riscos. Além disso, propor ações com abordagens diferentes, como passeios ao ar livre ou atividades culturais, pode ser uma oportunidade para estimular o conhecimento e criar experiências memoráveis com os pequenos. 

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.