Para muitas pessoas, o casamento ainda é a realização de um sonho. É a escolha, de livre e espontânea vontade, de dizer sim à vida de casal e dividir todos os compromissos do dia a dia, inclusive legais. E como maio também é conhecido como o mês das noivas, quais são as opções viáveis para os casais que desejam selar a união cível em plena pandemia? E de que forma estão sendo realizadas essas cerimônias no Estado de Pernambuco?
Uma opção para os noivos são os casamentos coletivos celebrados pelo Núcleo de Conciliação (Nupemec) do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). No dia 27 de maio, será realizada a primeira celebração coletiva virtual de 2021, voltada para 100 casais inscritos na Capital. A cerimônia será conduzida pela juíza titular da 12ª Vara de Família e Registro Civil da Capital, Andréa Epaminondas, e vai ocorrer totalmente online através da plataforma Cisco Webex do TJPE, que será apresentada anteriormente aos casais por meio um teste de acesso. Na data da celebração, eles entram uma hora antes para fazer a chamada e apresentarem o documento de identificação para o oficial do cartório, seguindo todos os trâmites, inclusive, a magistrada vai chamar cada casal para dizer o famoso sim com a câmera aberta perante todos. Assim, os noivos se casam na comodidade da sua casa e precisam ir ao cartório, com duas testemunhas, apenas para assinar a documentação de casamento e depois para buscar a certidão em data agendada.
A oficial de limpeza, Fabiana Lopes, e o seu companheiro, o porteiro Bruno José do Nascimento, vão realizar o sonho de se casarem legalmente nesta quinta-feira (27/5). O casal, que vive junto há 14 anos e já tem um filho, assistiu uma matéria na televisão falando sobre o evento e ligou para se inscrever na ação, tudo bem simples e rápido, intermediado pela Casa de Justiça e Cidadania do Coque e Bongi, que criou um grupo via aplicativo Whatsapp para informar todas as orientações, inclusive, sobre o encaminhamento da documentação necessária para os trâmites.
Agora, a noiva só está contando os dias para a cerimônia online, que também será transmitida aos familiares dos nubentes pelo canal do TJPE no YouTube, a partir das 10h. “Vou poder realizar o meu sonho! Depois de 14 anos morando juntos, sempre quisemos casar, mas não foi possível antes. E nosso filho, Kauan, também está muito feliz e ansioso. E o bom é que vai ser online, sem riscos de contágio e no conforto da nossa casa”, destaca Fabiana.
No ano passado, o Nupemec realizou o primeiro casamento coletivo virtual durante a Semana Nacional de Conciliação. A ação aconteceu no dia 4 de dezembro, e contemplou 69 casais no Recife e mais 13, na cidade de Caruaru. E agora, em 2021, após essa primeira cerimônia de maio, haverá outras em junho, realizadas pelos Cejuscs de Petrolina, Arcoverde e Olinda, todas com as inscrições encerradas, que vão contemplar cerca de 215 casais. Além do Cejusc de Afogados da Ingazeira, que está com inscrições abertas até o dia 27 de maio, para 100 casais, e os interessados podem se informar através do telefone (87) 99988-8257.
Casamentos presenciais – Segundo dados do Portal da Transparência de Registro Civil, em Pernambuco, foram celebrados 31.893 casamentos em 2020 e 12.123 até meados de maio de 2021. Nesse último ano, a maioria das celebrações estão sendo realizadas presencialmente nos cartórios cíveis, com todos os protocolos sanitários e de distanciamento social, diretamente pelo oficial de registro civil nomeado pelo juiz de Direito da região ou pelo próprio magistrado através de videoconferência. Esta delegação foi instituída através do Provimento da Corregedoria Geral da Justiça (CGJ) nº 21/2020 (link), que também regulamenta a celebração de casamentos por videoconferência durante o período da pandemia da Covid-19.
No entanto, a juíza Andréa Epaminondas lembra que para uma pessoa se casar é necessário antes formalizar um procedimento prévio à cerimônia, chamado de habilitação, promovida perante o cartório do registro civil da residência de um ou ambos os noivos. Os maiores de idade que vão contrair o primeiro casamento deverão comparecer ao cartório municiados de suas respectivas certidões de nascimento atualizadas, declaração de duas testemunhas (estas maiores e capazes) de que não existem impedimentos para o casamento, além de declaração de próprio punho dos nubentes sobre sua residência/domicílio, ademais de seus estados civis.
Nesse processo, o oficial do Registro Civil vai verificar a regularidade da documentação apresentada e, a partir daí, dará início à habilitação, um procedimento administrativo que termina com a expedição de um certificado de habilitação para a celebração do casamento pela autoridade civil ou religiosa.
“Porém, se os noivos forem menores, mas em idade em que se permite o casamento (entre 16 e 18 anos), a habilitação deverá se fazer acompanhar de autorização por escrito dos pais ou do tutor. E se um dos noivos for divorciado ou viúvo, deverão ser acostadas a essa habilitação a certidão de óbito do cônjuge falecido e a sentença que decretou o divórcio”, ressalta a magistrada.
Seguindo todos os trâmites, a estudante Karolina de Macedo e o engenheiro de software Ian Manor casaram-se na última quarta-feira (19/5), em cartório localizado na Zona Norte da Capital, e são só elogios à praticidade e agilidade com que tudo foi resolvido, mesmo em período de pandemia. Os noivos já namoravam há seis anos e tinham planos de casamento no futuro, mas diante de uma proposta de trabalho irrecusável no exterior, eles precisaram antecipar a união. “Na atual situação não fazíamos questão de uma cerimônia nos moldes tradicionais ou de uma festa. Assim, a cerimônia civil celebrada no cartório atendeu todas as nossas expectativas, porque para nós o mais importante no casamento é a amizade, cuidar um do outro, construindo a relação no dia a dia”, concluem os noivos recém-casados